Especialista alerta para elevação de temperatura no planeta

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Publicado quinta-feira, 22 de julho de 2004 as 10:40, por: CdB

Já se observa uma elevação de 0,4 graus, em média, na temperatura do planeta. Isto poderia acarretar, segundo o professor Nicolau Priante, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), uma temperatura ambiente de até 60 graus. E os grandes vilões, acrescentou, são países como Estados Unidos e Japão, cujas indústrias emitem grandes quantidades de gás carbônico.

O professor participa da 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza até amanhã na universidade. E destaca que as queimadas representam muito pouco em relação à emissão de gases. Mas considera “uma irresponsabilidade” que se continue a agir dessa forma, com os meios que existem atualmente. As atenções, nesse caso, se voltam para produtores e criadores de gado.

Segundo Priante, o desmatamento desenfreado e desnecessário para a exploração agrícola e de pastagens não deveria mais existir no Brasil. “A emissão dos países industrializados é muito maior que a das queimadas. É, no entanto, uma irresponsabilidade continuar com a queima das árvores, principalmente considerando que a ciência já tem alternativas para que ela não seja feita dessa maneira. Futuramente, isso resultará em problemas com relação à água, à perda da biodiversidade, e isso pode ser irreversível”, alertou.

O professor explicou que o desmatamento avança em estados como Rondônia e Mato Grosso, atingindo áreas de floresta e não aquelas já degradadas. Com isso, se tira da madeira o carbono jogado para a atmosfera. “Esse avanço pode, além de elevar a temperatura do planeta, ter uma conseqüência mais grave, que é alterar o regime de chuvas”, salientou.

Priante lembrou ainda que o Protocolo de Quioto – acordo internacional para a redução da emissão de gases -, assinado pelo Brasil, estabelece que os países desenvolvidos têm o compromisso de reduzir as emissões de gases ao volume que havia em 1990. “Eles precisam mudar, investir em tecnologias, projetos que permitam a retirada de grande quantidade do gás carbônico jogado na atmosfera”, ressaltou.