A Justiça espanhola ordenou nesta quinta-feira a prisão incondicional de dois supostos membros do ETA detidos no domingo passado com um carro-bomba que eles pretendiam detonar em Madri. O juiz da Audiência Nacional Fernando Andreu ordenou a detenção de Gorka Vidal e de Izkur Badillo, que disseram à Guarda Civil que planejavam boicotar o casamento do príncipe de Astúrias, Felipe de Borbón, no dia 22 de maio, provocando um grande blecaute na capital no mesmo dia do enlace ou uma semana antes.
Vidal e Badillo, que também admitiram ter tentado perpetrar um atentado a uma estação de esqui freqüentada pela família real, foram detidos pela Guarda Civil no domingo passado, na província de Cuenca, quando levavam para Madri uma caminhonete carregada com 536 quilos de explosivos com a qual, aparentemente, pretendiam perpetrar um atentado em um polígono industrial nos arredores da capital espanhola.
Segundo fontes jurídicas, o juiz acusa os dois detidos de formação de quadrilha, posse ilegal de explosivos, tentativa de depredação e conspiração para assassinato. Além disso, o magistrado também decretou a prorrogação da incomunicabilidade de ambos por mais 24 horas.
As fontes disseram que os dois supostos membros do ETA se recusaram a falar diante do juiz, apesar de terem reconhecido à Guarda Civil sua relação com o ETA e sua intenção de causar “pânico” em Madri com a detonação do carro-bomba.
Segundo fontes jurídicas, os supostos membros do ETA tinham a família real entre seus alvos prioritários. No Natal passado, eles chegaram a tentar, sem sucesso, perpetrar um atentado contra a estação de esqui de Baqueira Beret, na província catalã de Lérida.
Em seu poder, os dois terroristas também tinham dados sobre um ex-vereador de Llodio (Alava), que poderia ser o representante do Governo no País Basco, Carlos Urquijo, e de um funcionário de prisões de Algeciras.
As fontes jurídicas informaram que, em suas declarações à Guarda Civil, os dois detidos contaram que planejavam uma ação que coincidisse com o casamento real, a qual se caracterizaria pela colocação de explosivos em oito torres de condução elétrica com o objetivo de provocar um grande blecaute em Madri.
O plano era provocar um blecaute no mesmo dia do enlace, em 22 de maio, embora também não estivesse descartada a execução do plano uma semana antes, pois seu objetivo principal era provocar pânico na população e deteriorar a imagem da Espanha ante a opinião pública internacional.
Quanto ao atentado que os dois detidos estavam dispostos a cometer com o carro carregado com mais de meia tonelada de explosivos, a direção do grupo terrorista se limitou a dizer que ele deveria ter sido executado em um ponto da estrada de Barcelona nas imediações de Madri e que o alvo deveria ser escolhido por Vidal e Badillo.
O juiz Fernando Andreu, coincidindo com a suspensão da incomunicabilidade dos dois detidos prevista para sexta-feira, interrogará Beñat Barrondo Olabarri, uma terceira pessoa detida terça-feira em Llodio (norte) por sua suposta relação com ambos.