Escultor Franz Weissman morre aos 93 anos

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Publicado terça-feira, 19 de julho de 2005 as 06:18, por: CdB

O Brasil perdeu, na tarde de segunda-feira, um dos maiores representantes do movimento do Neoconcreto no país. O escultor Franz Weissmann morreu, aos 93 anos, de insufuciência respiratória, em sua casa, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro.

Austríaco radicado no Brasil, Weismman foi um dos signatários do manifesto Neoconcreto, de 1959. Junto com Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Lygia Clark e Lygia Pape, Franz Weissman foi escultor de grande produção. Fez parte de uma geração que inclui também Farnese de Andrade e o próprio Amilcar, além de ter tido participação ativa na construção material e teórica e no debate sobre as artes plásticas no século 20 no Brasil.

Participou de várias bienais de São Paulo  – incluindo a primeira, em 1951 – e dos Salões de Arte Moderna do Rio e recebeu prêmios em mostras importantes no Brasil e no exterior. Em 1972, projetou os jardins da 36ª Bienal de Veneza. Desenhou, pintou e levou suas esculturas desde o início da carreira para as ruas, tendo participado da bienal belga de Escultura ao Ar Livre, nos anos 1970 e 1980.

Weissman chegou ao Brasil em 1921, aos 11 anos. Nascido em Knittefeld, na Áustria, morou no interior do Estado de São Paulo por seis anos e transferiu-se com a família para a capital em 1927. Dois anos depois, a família mudou-se para o Rio, onde Weissman fez o curso preparatório para a Escola Politécnica.

Em 1937, Weissman montou ateliê em Belo Horizonte e em 1939, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde estudou Arquitetura e Pintura.

Em 1944, recebeu de Guignard o convite para participar da primeira escola de arte moderna da cidade, idealizada por Juscelino Kubitschek, então prefeito da cidade. Weissman ficou em Belo Horizonte até 1956, transferindo-se depois para o Rio. Nos anos 1960, morou na Espanha e na França.

A sua primeira exposição individual foi em 1946, na Escola Nacional de Belas Artes, com aquarelas e desenhos. Três anos depois, recebeu, no Rio, o grande prêmio de desenho no Salão Nacional de Arte Moderna.

As primeiras experiências construtivas na escultura se dão no início da década de 50. Weissman usava então bronze, argila e aço para modular o espaço.

Em 1951, o artista participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Premiado nas bienais de 1953, 1955 e 1957, foi homenageado com uma sala especial na 8º mostra, em 1965, e participou também da grande exposição de 1967. Em 1969, apoiou o boicote internacional contra a ditadura brasileira recusando-se a participar da 10º Bienal.

A última mostra com obras de Weissmann em São Paulo foi no MAM, em janeiro de 2005. No Rio, o escultor teve seis de suas obras na exposição <i>A Poética da Forma</i>, da qual participavam também Tomie Ohtake e Oscar Niemeyer, no MAC Niterói, aberta até o mês passado. A famosa <i>Flor Mineral</i>, de 920 kg, foi exposta na ocasião.

– Ele (Niemeyer) trabalha com o concreto, enquanto eu trabalho com o vazio – declarou Weissman quando perguntado sobre a relação do seu trabalho com o de Niemeyer.