Equipe de defesa diz que Saddam foi atacado

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Publicado sábado, 30 de julho de 2005 as 10:04, por: CdB

Advogados de Saddam Hussein disseram no sábado que seu cliente foi atacado por um homem não identificado durante o comparecimento a uma corte em Bagdá nesta semana, mas as forças norte-americanas que cuidam dele negam que tal incidente tenha ocorrido.

Um comunicado divulgado pela equipe legal de Saddam, cujo escritório fica em Amã, na Jordânia, diz que o ex-presidente foi atacado e trocou golpes com outra pessoa durante uma audiência acompanhada por seu principal advogado, Khalil Dulaimi, na terça-feira.

“Quando o presidente (Saddam) levantou para deixar a sala de audiência, um dos presentes o atacou e houve uma troca de golpes entre o homem e o presidente”, disse o comunicado, acrescentando que o chefe do tribunal não fez nada para interromper o ataque. O comunicado não diz se Saddam foi ferido.

Porém uma porta-voz americana para as operações de prisioneiros no Iraque disse que nenhum incidente do tipo ocorreu. “Nada assim, ou seja o que for, aconteceu com Saddam”, disse a tenente Kristy Miller.

O Exército norte-americano está encarregado da custódia física de Saddam, apesar de ele estar legalmente sob custódia iraquiana. Miller disse que, pelo que ela sabe, Saddam quase nunca deixa de estar sob a vigilância de militares americanos.

Funcionários do Tribunal Especial Iraquiano, a corte estabelecida para julgar o ex-presidente e outros altos membros de seu agora desativado Partido Baath, não foram localizados para comentar o caso.

Por causa do suposto incidente, a equipe de defesa de Saddam disse que boicotaria o tribunal ou qualquer comitê para interrogar Saddam até que ele receba o direito de ter uma devida representação legal por uma equipe de advogados internacionais.

A equipe, contratada pela família de Saddam, disse que considera os militares americanos responsáveis por qualquer dano ao ex-líder iraquiano e exigiu salvaguardas para sua proteção.

O comunicado diz que a equipe de defesa se recusa a “reconhecer a autoridade da corte e de todos os órgãos que interrogam Saddam, porque não têm autoridade legal”.

Um funcionário do governo iraquiano que tem familiaridade com os trabalhos do tribunal também negou qualquer incidente entre Saddam e outra pessoa. Ele sugeriu que isso pode ser uma estratégia da defesa.

“Se eu fosse advogado de defesa de Saddam, tentaria todos os artifícios que pudesse”, disse.

O tribunal divulgou na sexta-feira fotos de Saddam sendo interrogado sobre a repressão ao levante xiita de 1991, quando seu regime é acusado de haver matado até 150 mil pessoas.

Até agora, Saddam foi formalmente acusado em só um caso — o assassinato de muçulmanos xiitas na vila de Dujail após uma tentativa frustrada de assassinato em 1982. A data para o julgamento ainda deve ser marcada.

A equipe de defesa de Saddam reclama que ele não tem acesso a advogados internacionais e que Saddam às vezes é chamado a audiências sem aviso prévio, em violação às regras.

O tribunal nega que Saddam tenha tido seus direitos negados.

Ramsey Clark, ex-procurador-geral americano e um dos advogados contratados para representar Saddam, disse num comunicado que seus direitos estão sendo violados.

“Interrogatórios ou um julgamento sob essas circunstâncias são uma séria violação dos padrões de segurança da pessoa e de julgamento justo que são compartilhados por todos os países do mundo”, disse.