Encontro do G-20 discute planos conjuntos na OMC

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Publicado quinta-feira, 17 de março de 2005 as 09:15, por: CdB

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, participa, nos próximos dias, da reunião ministerial do G-20 em Nova Delhi, na Índia, na qual será discutida a adoção de estratégias conjuntas para a 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para dezembro, em Hong Kong. O encontro também marcará a entrada do Uruguai no G-20.

O G-20 foi criado em agosto de 2003, na fase preparatória da 5ª Conferência Ministerial da OMC, em Cancun, para defender interesses comuns dos países em desenvolvimento em questões agrícolas. O grupo concentra 13% do PIB (bens e serviços produzidos por um país ou um grupo de países) mundial e 21% do PIB agrícola global, 57% da população e 70% da população agrícola do mundo. Também responde por 26% das exportações agrícolas mundiais – detém 62% da produção global de açúcar, 50% da de café, 62% da de soja, 54% da de algodão, 72% da de arroz e 70,5% da de tabaco.

O G20 não obteve resultados concretos no encontro de Cancun. Desde então, realizou duas reuniões ministeriais no Brasil – em Brasília (dezembro de 2003) e em São Paulo (junho de 2004), para discutir propostas específicas no contexto das negociações sobre a agricultura da OMC. Agora, na Índia, espera-se a aprovação de uma declaração do G-20 para que comecem a ser formuladas as posições do grupo para a Conferência de Hong Kong.

Em Nova Delhi, as discussões devem ir além do tema agricultura:

– A negociação chegou a um ponto em que não é mais possível não tocar em outros temas, como serviços – afirma André Nassar, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).

Celso Amorim também participa, em Nova Delhi, da assinatura dos Anexos ao Acordo de Comércio Preferencial Mercosul-Índia. O texto principal do acordo foi assinado em janeiro de 2004, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia.


Segundo o Itamaraty o acordo representa o primeiro passo para a criação de uma área de Livre Comércio entre o Mercosul e a Índia. Estudo da Unctad indica que a efetivação de uma área de livre comércio multiplicaria em 16 vezes o comércio entre as regiões. Com isso, as exportações do Mercosul para a Índia saltariam de US$ 1 bilhão para US$ 13,6 bilhões e as exportações da Índia para o Mercosul, dos atuais US$ 650 milhões para U$12,7 bilhões.

O ministro participará, ainda, da reunião do Fórum Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) sobre questões econômico-comerciais, que discute a expansão do comércio entre os três países, promoção de investimentos, transferência de tecnologia, aprimoramento de linhas de transporte e cooperação econômica.