Enade revela desigualdades socioeconômicas entre universitários

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Publicado terça-feira, 3 de maio de 2005 as 21:03, por: CdB

O perfil dos estudantes de nível superior que fizeram a prova do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) mostra que há desigualdades socioeconômicas nas universidades. Segundo o diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Dilvo Ristoff, 26% dos alunos ingressantes são de famílias com renda superior a 10 salários mínimos.

O percentual de alunos cujas famílias estão nessa faixa de renda sobe para 35% entre os que estão concluindo o curso. E é inversamente proporcional entre os alunos negros e pretos. Ao mesmo tempo, esse grupo étnico-racial tem menor representatividade entre os ingressantes, 4,6%, e entre os concluintes, 2,8%.

– Os dados revelam a necessidade de políticas afirmativas, sob pena de a universidade reproduzir as desigualdades fora dela – disse o ministro da Educação, Tarso Genro.

Para chegar ao perfil dos alunos, o ministério da Educação enviou questionário com 103 perguntas aos estudantes, antes da data da prova. A maioria dos que participaram do Enade no ano passado, quando o exame foi aplicado pela primeira vez, é composta de alunos solteiros, brancos, que moram com os pais ou parentes e não recebem bolsa de estudos. O perfil é o mesmo entre os ingressantes e os concluintes dos cursos. Eles responderam ao mesmo questionário e fizeram provas de conteúdos idênticos, tanto na parte de Formação Geral como na de Conhecimentos Específicos.

Quase todos os estudantes avaliados têm acesso à Internet e usam o computador para fazer os trabalhos escolares. A principal fonte de informação é a televisão e mais da metade deles lê, no máximo, dois livros por ano, além daqueles estipulados pelos professores. Por outro lado, mais de 80% dos alunos usam freqüentemente a biblioteca, a principal fonte de pesquisas deles.

– Muitos alunos apontaram para uma necessidade de reaparelhamento das bibliotecas. O Enade demonstra que essa avaliação é um conjunto de aspectos positivos e um conjunto de problemas. Problemas graves como o das bibliotecas, uma exigência frontal dos alunos – constatou o ministro.

O Enade substituiu o Provão na avaliação dos estudantes, cursos e instituições de ensino superior do país.