Empresários e trabalhadores saem otimistas de encontro sobre pacto social

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quinta-feira, 7 de novembro de 2002 as 21:33, por: CdB

Na reunião para discutir a criação de um pacto social, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva falou para grandes empresários, trabalhadores e representantes da sociedade civil, ontem em São Paulo. Ele ressaltou que, mais importante do que a questão financeira são as questões sociais, motivo porque escolheu a fome “e não as taxas de juros” para iniciar a discussão em torno do entendimento nacional.
– Foram todos convidados pelo que representam e pelo que podem dar em contribuição para o país, quer gostem ou não do presidente. Isso aqui não pode ser considerado como um clube de amigos. Nunca a sociedade brasileira teve oportunidade como esta – disse Lula.
Participaram do encontro, entre outros, nomes como Benjamin Steinbruch, da Vale do Rio Doce; Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar; Eugênio Staub, da Gradiente; Luís Fernando Furlan, da Sadia; Gabriel Ferreira, da Febraban; além dos sindicalistas João Felício, da CUT; Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical; Luiz Marinho, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; e Manoel de Serra, da Contag, além do bispo de Duque de Caxias, dom Mauro Morelli.
Ao chegar para o encontro, todos afirmaram ser preciso dar um voto de confiança ao novo governo. Os empresários também disseram estar otimistas em relação ao pacto social proposto por Lula.
Representantes de diversas ONGs e entidades da sociedade civil também foram convidados e compareceram à reunião.
Lula quer que este grupo sirva de base para a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social que, durante os próximos quatro anos, discutirá temas como as reformas da Previdência, política e tributária.
Guido Mantega, um dos principais assessores do programa de Lula na área econômica, disse que todos precisarão dar a sua parcela de contribuição.
– Os pactos são assim: cada um faz um sacrifício a curto prazo para ter um benefício a médio e longo prazos – afirmou Mantega.
Senador eleito com mais de 10 milhões de votos, Aloizio Mercadante, que também é economista, concorda com Mantega. Mercadante disse que o país vive um clima de disposição ao diálogo, que ajudará superar dificuldades.
– Este é um encontro que busca construir uma agenda para superar os problemas que nós temos. O país vive um clima de esperança e de disposição para o diálogo e para a convergência – disse.
Paulinho, presidente da Força Sindical, candidato a vice na chapa de Ciro Gomes, classificou como inviável a primeira proposta apresentada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, defendeu o congelamento de preços e salários no ano que vem como para evitar o risco da volta da inflação.
– Essa proposta faz parte da história da Fiesp, de tentar pagar salário menor. Então, eles vem para cá, de novo, querendo fazer alguém pagar a conta. Se for partir para uma discussão de congelar salário, não dá – afirmou Paulinho.
O otimismo, no entanto, foi sentimento quase unânime entre todos os participantes da reunião para formação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Mesmo sem formato e organização definidos, os quase 150 convidados consideraram positiva a iniciativa da criação de um conselho para assessorar o presidente Lula nas questões mais polêmicas.