Empresário diz que Marinho comandava sistema de licitação nos Correios

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Publicado quinta-feira, 23 de junho de 2005 as 10:59, por: CdB

Arthur Wascheck Neto, um dos sócios da Comercial Alvorada de Manufaturados (Coman), confirmou em depoimento à CPI dos Correios, na manhã desta quinta-feira, que mandou fazer a gravação comprometendo o ex-chefe de departamento da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Maurício Marinho – flagrado, recebendo R$ 3 mil em propina. O empresário disse que resolveu tomar a atitude porque sua empresa começou a ser prejudicada, perdendo várias licitações para os Correios, e por notar que “havia algo errado” naquela instituição.

O sócio da Coman contou aos parlamentares que Marinho era quem comandava o sistema de licitação, fazendo com que muitas empresas, mesmo oferecendo preços bem abaixo do mercado, perdessem a concorrência. Só ano passado, segundo ele, houve 140 processos de licitação cancelados nos Correios.

– Muita gente foi beneficiada. Senti que deveria tomar uma providência, e decidi mostrar como as coisas aconteciam lá. Não tive intenção de transformar isso num escândalo, pois isso pra mim é o pior negócio, sou empresário, quero vender meu produto, não tenho aspiração política – disse.

Washeck declarou que Marinho assumiu um comando maior do que seu então chefe na diretoria de administração, Antônio Osório, e que passou a cobrar propinas das empresas que desejavam participar das licitações nos Correios:

– Notei que ele virou dono da situação. Não existia doutor Antônio Osório. Existia o senhor Maurício Marinho.

A gravação, contou o empresário, foi feita com uma microcâmera e com o auxílio de Jairo Martins, especializado em varreduras, da SAM Alarmes.

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) defenderam, durante a comissão, que o publicitário Marcos Valério de Souza seja intimado a depor na CPI dos Correios. Ele teria administrado a conta de propaganda dos Correios e entregado malas de dinheiro a líderes de partidos para o pagamento do chamado mensalão, conforme denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Já o deputado Maurício Rands (PT-PE) manifestou-se contrário a essa convocação e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) pediu uma “agenda realista” para os trabalhos da CPI.