Embrapa, em fase internacional, combaterá ganhafotos no Senegal

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Publicado domingo, 16 de janeiro de 2005 as 13:07, por: CdB

Uma parceria com o Senegal para o combate aos gafanhotos na região da África Ocidental será um dos primeiros projetos a marcar a fase de internacionalização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O termo de trabalho que deve ser assinado durante a reunião de trabalho que o ministro Celso Amorim mantém hoje em Dakar prevê a colaboração da Embrapa na criação e transferência de tecnologia necessária a um programa de controle biológico da praga.

De acordo com Gustavo Chianca, diretor executivo da Embrapa, o convênio é inédito, marca uma nova fase de internacionalização da atuação da empresa e envolve uma triangulação com a Europa. A idéia, segundo Chianca, é juntar a experiência que os países europeus já possuem para atuar na região com a tecnologia para a agricultura tropical que o Brasil domina. “É algo inovador na cooperação internacional agrícola. Poucos países do mundo, talvez nenhum, fizeram algo parecido”.

Chianca informa que, na próxima semana, uma comitiva formada por técnicos brasileiros e franceses visita a região para começar a desenvolver o projeto, que deve ser aplicado não apenas no território senegalês. Os gafanhotos vêm assolando uma série de países. Guiné Bissau, que é país vizinho do Senegal, também pediu auxílio brasileiro para o combate à praga durante a
visita da comitiva liderada pelo ministro Celso Amorim neste sábado.

O projeto deve incluir ainda ações para o desenvolvimento da agricultura familiar na região. Isso inclui assistência técnica em áreas como tecnologia de produção animal; sustentabilidade e recursos genéticos: Futuramente a parceria franco-brasileira deve ser estendida ao Haiti e à Guine Bissau. A parte preliminar do plano contará com recursos de fundos disponíveis do Ministério das Relações Exteriores da França e da União Européia. A estimativa é que, efetivado, o projeto chegue a custar 1 milhão de euros, a serem captados por França, Brasil e Senegal.

“Abrem-se grandes perspectivas. A Embrapa afirma cada vez mais sua liderança entre os países tropicais. Isso cria negócios para as empresas brasileiras, e futuramente vai nos trazer fundos por meio de royalties e a comercialização de nosso conhecimento acumulado”, diz Chianca, sublinhando a possibilidade de surgirem empresas em outros países utilizando a tecnologia brasileira.

Outra iniciativa de internacionalização da Embrapa em estudo envolve a montagem de escritórios na África. Particularmente, segundo Chianca, os contratos que a Vale do Rio Doce vem ganhando para a exploração de carvão no vale do Moatize, em Moçambique, devem incluir uma parceria com a Embrapa para um projeto paralelo de desenvolvimento rural na região. Já estão disponíveis US$ 650 mil para a fase inicial desse plano que, segundo ele, deve mobilizar ao todo US$ 5 milhões – apenas para a parte que caberá à Embrapa.