Economia tem o pior desempenho do ano

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Publicado quinta-feira, 31 de agosto de 2006 as 11:38, por: CdB

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu 0,5% no segundo trimestre de 2006, em comparação com o trimestre anterior. É o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2005, quando houve recuo de 1,2%. A indústria teve o resultado mais negativo, e caiu 0,3%.  Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 1,2%.

Nos dois trimestres, a economia brasileira acumula crescimento de 2,2%, se comprado ao mesmo período de 2005. Na comparação com o trimestre anterior, o setor que mais avançou foi a agropecuária, com 0,8%, seguido por serviços (0,6%). A indústria apresentou baixa de 0,3%. Os dados fazem parte do Boletim de Contas NacionaisTrimestrais, divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados sobre capital fixo, indicativo dos investimentos feitos no país, mostram que houve queda de 2,2% perante o trimestre anterior. O consumo das famílias, que tem peso aproximado de 60% no cálculo do PIB, aumentou 1,2%. O consumo do governo subiu 0,8%. As exportações de bens e serviços declinaram 5,1% entre abril e junho, após 12 trimestres consecutivos de alta, e registraram a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2003, quando cederam 8,2%. As importações, por sua vez, diminuíram 0,1%, sucedendo um incremento de 10,4% no primeiro trimestre em comparação com os três últimos meses de 2005.

Analistas de mercado esperam um crescimento de apenas 3,5% neste ano, segundo o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central a partir de consultas a mais de cem analistas de mercado. O resultado fica abaixo das metadas do governo O ministro Guido Mantega assumiu o ministério da Fazenda com a promessa de crescimento de 4,5%. Depois passou a falar em algo entre 4% e 4,5%, assim como seu colega Paulo Bernardo (Planejamento). Já a meta do Banco Central é de 4%.

Diversos representantes do governo atribuíram a queda na atividade industrial e no comércio a fatores pontuais no segundo trimestre ao número menor de dias úteis e a paralisações em razão de jogos da Copa do Mundo e de greves. Analistas afirmaram, entretanto, que apesar da continuidade do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic), que ontem caiu para 14,25%, a menor em dez anos, a economia brasileira ainda carece de mudanças estruturais, como aumento de investimentos e implementação de reformas tributária e política.

Bens e serviços

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período. Isso inclui do pãozinho até o apartamento de luxo.

O índice só considera os bens e serviços finais, de modo a não calcular a mesma coisa duas vezes. A matéria-prima usada na fabricação não é considerada. No caso de um pão, a farinha de trigo usada não entra na conta. Um carro de 2002 não é computado no PIB de 2006, poia o valor do bem já foi incluído no cálculo daquele outro ano.
O primeiro fator que influencia diretamente a variação do PIB é o consumo da população. Quanto mais as pessoas gastam, mais o PIB cresce. Se o consumo é menor, o PIB cai.

O consumo depende dos salários e dos juros. Se as pessoas ganham mais e pagam menos juros nas prestações, o consumo é maior e o PIB cresce. Com salário baixo e juro alto, o gasto pessoal cai e o PIB também. Por isso os juros atrapalham o crescimento do país. Os investimentos das empresas também influenciam no PIB. Se as empresas crescem, compram máquinas, expandem atividades, contratam trabalhadores, elas movimentam a economia. Os juros altos também atrapalham aqui: os empresários não gastam tanto se tiverem de pagar muito pelos empréstimos para investir.

Os gastos do governo são outro fator que impulsiona o PIB. Quando faz obras, como a construção de uma estrada, são contratados operários e é gasto material de construção, o que ele eleva a produção geral da economia. As exportações também fazem o PIB crescer, pois mais dinheiro entra no país