Disputa com organizadores tira GP de F1 de Inglaterra

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Publicado sexta-feira, 1 de outubro de 2004 as 12:25, por: CdB

 O empresário da Fórmula 1 Bernie Ecclestone disse que tomou a decisão de retirar o GP da Grã-Bretanha do calendário de 2005 porque os proprietários do circuito de Silverstone o pressionaram com “uma oferta do tipo pegar ou largar”.

Segundo a imprensa britânica na sexta-feira, Ecclestone decidiu interromper 54 anos de história da categoria na Grã-Bretanha depois de receber uma carta do Clube de Pilotos Britânicos (BRDC), que lhe impunha um ultimato.

– Eles me apareceram com uma carta que dizia mais ou menos ‘é pegar ou largar’. A coisa óbvia que eles deveriam saber é que, quando disseram isso para mim, era uma oportunidade para largar – afirmou Ecclestone ao jornal Daily Express.

– Obviamente lamento que não tenhamos um GP da Grã-Bretanha, mas este é um acordo comercial, e eu tenho que ser justo com todos, não só com Silverstone – disse ele, após rejeitar uma proposta que teria ficado 5,4 milhões de dólares aquém das suas exigências.

Silverstone, no centro da Inglaterra, funcionava como campo de pouso durante a Segunda Guerra Mundial e recebeu o primeiro GP de Fórmula 1 em 1950. Só Grã-Bretanha e Itália estiveram no calendário em todos os anos desde então.

Fontes da categoria disseram que o GP da França em Magny-Cours também deve cair fora em 2005, quando o número de provas pode ser reduzida de 19 para 17 no calendário provisório.
China e Barein entraram no calendário deste ano, e a Turquia deve ser incluída em 2005.

Ecclestone, que já se referiu à corrida britânica como “uma feira rural se fazendo passar por evento mundial”, havia dado até quinta-feira para receber propostas de organizadores.
A BRDC, entidade sem fins lucrativos, se propôs a promover a corrida nos próximos três anos, apesar da forte chance de perder dinheiro. Mas isso não bastou.

– Não vai haver recuo. Eles tinham até esta data para aparecer com um contrato, e tudo o que eu tenho é um contrato dizendo que eles não podem arcar com os meus termos – disse ele ao press.

– Tento ser justo e honesto com todos, mas não posso dar a Silverstone o que eles querem, porque não seria justo com outros circuitos do mundo. A proposta que eu ofereci já estava nos velhos termos, era a mais barata da Europa e do mundo. Era realmente uma superproposta. Eu não podia dar mais. Eles não queriam assumir o risco. Na verdade, eles não queriam nada que não fosse vantajoso para eles – afirmou Ecclestone.

– Passamos muito tempo preparando o acordo com Xangai, e as pessoas de lá construíram aquele magnífico circuito. A Turquia será ótima no próximo ano também. Não dá para sair pelo mundo pedindo a construção de instalações excelentes quando temos esta coisa na Inglaterra, chamada Silverstone, da qual nos envergonhamos – sentenciou.

Em entrevista ao canal ITN nesta quinta-feira, Ecclestone disse que ainda há uma remota chance de o circuito permanecer na temporada em 2005, caso as equipes aceitem um calendário com 18 provas.