Dirceu: ‘Lutei como se lutasse pela minha própria vida’

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Publicado quinta-feira, 1 de dezembro de 2005 as 15:37, por: CdB

“Lutei como se lutasse pela minha própria vida”. Assim o ex-deputado José Dirceu explicou a sua iniciativa de levar a defesa de sua honra e inocência até às últimas conseqüências, culminando com a cassação de seu mandato, na prática, por 10 anos.

– Espero ter forças, novamente, na minha vida, para superar isso – afirmou o ex-ministro-chefe da Casa Civil, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, na Câmara, em sua última passagem pela Casa antes de se recolher para colaborar na redação de um livro, que terá a autoria do jornalista Fernando Moraes.

Segundo o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, ele acreditou que receberia o apoio da maioria dos deputados, o que não aconteceu. Dirceu foi cassado por 293 deputados, enquanto que 192 votaram “não” à queda do então parlamentar.

– Sou realista, mas sou também sonhador. É claro que acreditei que seria inocentado na Câmara – disse.

Para José Dirceu, “a crise política tem algo de artificial”:

– Vamos falar as coisas com franquesa e sinceridade. Se quisermos resolver a crise política, vamos fazer uma reforma política. A oposição iniciou isso em uma escalada para desestabilizar o governo para as eleições de 2006.

Revelações

O ex-deputado José Dirceu planeja se recolher, nos próximos 10 dias, em uma praia do Estado do Rio de Janeiro, junto com o jornalista Fernando Moraes, para escrever um livro sobre os recentes e antigos episódios que lhe marcaram a vida política. Ele, no entanto, descarta a revelação de pontos que possam prejudicar o governo Lula.

– Vou relatar o que for necessário. Vou fazer um livro no limite com tudo o que for necessário relatar sobre a minha passagem no governo. Quero fazer um debate sobre a política econômica, as relações com a câmara e o senado, um livro para repensar o Brasil. Não vai ser um livro “chapa branca”, se é isso que vocês querem saber – afirmoul

Dirceu também não reclamou do abandono do presidente Lula, durante o processo que culminou com a perda de seu mandato. Para o ex-deputado, “Lula é um estadista e, nessa posição, não interferiu no processo”.

– Ninguém me traiu. Pelo contrário. Sou é amado. Não sou mal amado não – brincou o ex-ministro.

Quanto à idéia divulgada de que “os fins justificariam os meios”, segundo a pergunta de um jornalista, referindo-se à utilização de recursos de caixa dois na campanha eleitoral, Dirceu voltou a negar o fato:

– Nunca pratiquei a idéia de que os fins justifiquem os meios. Não só não pratiquei como repilo isso. Quero que alguém prove que eu fiz isso. Trata-se de uma propaganda política contra mim.