A cantora pop inglesa favorita de Eminem já vendeu 20 milhões de álbuns, mas nem por isso é diva. Na realidade, Dido é tão doce e boazinha que precisou fazer uma resolução de Ano Novo para tornar-se mais decidida.
A fama e a fortuna parecem ter exercido pouco efeito sobre Dido Florian Cloud de Bounevialle Armstrong, batizada por seus pais, londrinos progressistas, há 32 anos.
Com Dido não se vêem legiões de guarda-costas ou exibições públicas de libertinagem, nem mesmo uma explosão temperamental ocasional. Mas não a acuse de ser boazinha demais.
“Adoro um confronto”, disse a cantora em entrevista recente à Reuters. “Uma das resoluções que fiz no último Ano Novo foi dizer exatamente o que penso, na hora em que penso.”
Dido sentia que a todo momento as pessoas tiravam vantagem dela. Mas agora ela não pensou duas vezes antes de se impor durante o planejamento de sua turnê norte-americana atual, que começou em 17 de maio.
Seus assessores queriam que ela cantasse em locais grandes, como fez no final de sua turnê passada. Mas Dido exigiu — e conseguiu — uma turnê por salas mais íntimas.
“Gosto de enxergar as pessoas nos teatros”, ela explicou. “Gosto quando estou perto do público e sinto que faço parte de algo.”
Os shows vão ajudar a promover seu segundo álbum, “Life for Rent”, que já vendeu quase 9 milhões de cópias mundiais desde que foi lançado, no final de setembro, e, de quebra, recebeu dois Brit Awards e uma indicação ao Grammy.
O álbum que o precedeu, “No Angel”, de 1999, vendeu 12 milhões de cópias, graças em parte a uma parceria inesperada com Eminem.
O rapper fez um sample da canção de amor “Thankyou”, de Dido, em seu sucesso “Stan”, de 2000, e a popularidade mundial da música levou seus fãs a procurar o original da cantora então pouco conhecida.
“Ainda me espanta o que aconteceu”, conta Dido, falando de sua carreira meteórica. “Não entendo inteiramente. Sinto que ainda tenho muito a aprender. Tenho pela frente uma vida interminável de aprendizado de música, e isso me fascina.”
INSPIRADA EM L.A.
Muitas das canções principais de “Life for Rent”, incluindo a faixa-título, o primeiro single, “White Flag”, e “Sand in My Shoes”, foram compostas em Los Angeles. Dido diz que, para manter sua criatividade aguçada, provavelmente vai comprar uma casa na cidade.
“Às vezes é preciso estar sozinha para compor”, disse ela. “Se você tem muita coisa que a inspira e se sente um pouco alienada, estranha e sozinha, é um ambiente fértil para compor.”
Na verdade, ela vem mergulhando numa orgia de composições em sua nova casa em Londres, onde cada cômodo tem algum tipo de instrumento.
Mais ou menos metade do que ela compõe acaba no lixo. Outras músicas terminam em álbuns de outros artistas, como o mais recente de Britney Spears.
Além de comprar a casa, Dido admite que gasta “uma quantia obscena de dinheiro” voando pelo mundo afora conforme seus caprichos.
Entretanto, embora seja multimilionária, ela não é avessa a procurar os vôos mais baratos. Um de seus destinos prediletos é “o fim do mundo” no Canadá.
Uma das viagens que ela ainda quer fazer é para Uganda, para encontrar gorilas.
A maior perda provocada por seu sucesso foi a relação de longo prazo com seu primeiro namorado de verdade. Hoje ela “apenas se diverte” e espera a hora de conhecer um companheiro que consiga conviver com as exigências de sua carreira