Diário Oficial da União publica exoneração de Marta Suplicy

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Publicado quinta-feira, 13 de novembro de 2014 as 15:30, por: CdB
Marta Suplicy
Marta Suplicy encaminhou carta de demissão à Casa Civil da Presidência da República na terça-feira

A exoneração de Marta Suplicy do cargo de ministra da Cultura está publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União. A exoneração foi assinada pelo presidente da República em exercício, Michel Temer. A secretária executiva da pasta, Ana Cristina da Cunha Wanzeler, foi nomeada para exercer interinamente o cargo de ministra.

Marta Suplicy encaminhou carta de demissão à Casa Civil da Presidência da República na terça-feira. Na ocasião, a presidenta Dilma Rousseff tinha deixado o país para as viagens que faz ao longo da semana ao Catar e à Austrália, onde participa da Cúpula do G20.

Na carta, Marta agradece a oportunidade e diz que, em meio a inúmeras demandas e carência orçamentárias do Ministério da Cultura, dirigiu seu trabalho para a inclusão da população na produção de cultura e ampliação do acesso aos bens culturais. Também desejou que Dilma tenha sucesso na escolha da nova equipe de trabalho e que os responsáveis pela área econômica resgatem a confiança e credibilidade de seu governo.

Na quarta-feira, a presidenta Dilma Rousseff disse que já havia conversado com a ex-ministra sobre o pedido de demissão e tinha conhecimento do teor da carta entregue por ela.

Senadora do PT pelo estado de São Paulo, Marta volta a assumir o cargo no Senado Federal, por mais quatro anos.

PT teme perder Marta

O PT está mesmo preocupado com uma possível dissidência a ser aberta pela ex-ministra Marta Suplicy. Depois de a presidente Dilma Rousseff ter dito, em Doha, no Qatar, que a senadora por São Paulo não havia “feito nada de errado” ao deixar o Ministério da Cultura com críticas à política econômica, agora foi a vez do presidente do PT, Rui Falcão, buscar uma linha parecida. Ele usou um tom de cordialidade frente a uma possível iniciativa de Marta em concorrer a prévias partidárias contra o prefeito Fernando Haddad, de São Paulo. Mas, mesmo assim, deixou claro que o espaço para Marta, dentro do PT paulista, é bastante restrito.

– Nas duas vezes em que quem pleiteava a reeleição foi substituído não deu certo, afirmou Falcão, antes de participar de seminário da bancada de deputados do partido, em Brasília.

Em 2002 o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), poderia concorrer à reeleição, mas foi derrotado na prévia pelo ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT). O partido, contudo, perdeu a eleição para o governo.

Em 2012 o prefeito de Recife, João da Costa (PT), era candidato e foi impedido pelo partido de concorrer à reeleição por estar mal avaliado. O senador Humberto Costa (PT) foi o candidato e perdeu no primeiro turno.

– Isso é o retrospecto histórico, não quer dizer que o resultado seja o mesmo”, suavizou Rui.

O presidente do PT prosseguiu buscando suavidade ao lembrar que uma mudança no estatuto do partido pode evitar a prévia.

– Dois terços do diretório podem decidir encaminhar a discussão para um encontro de delegados, que é mais restrito e diminui os atritos entre os candidatos, comentou.

Marta ainda não declarou publicamente sua intenção de concorrer à Prefeitura da capital paulista, mas a forte presença do nome dela em pesquisas de opinião indicam que ela não vai querer deixar passar a oportunidade nas eleição de 2016. Em 2010, Marta, favorita para o cargo de prefeita em todas as pesquisas, chegou a participar de debates nas bases partidárias com Haddad. No meio do processo, porém, desistiu de sua pré-candidatura sob pressão do ex-presidente Lula, que bancava o nome de Haddad dentro do partido. O ex-ministro da Educação, como se sabe, foi eleito prefeito e, agora, terá a prioridade do partido numa tentativa de se reeleger.

Neste momento, após deixa o Ministério da Cultura com uma carta de demissão em que pediu “o resgate da credibilidade” do governo por meio de uma nova equipe econômica, Marta já vai sendo sondada por diferentes partidos. O PMDB do vice-presidente Michel Temer é um dos mais interessados na filiação dela para ter boas chances de vencer as próximas eleições municipais na maior cidade do país.