Um desenho animado de sete minutos perdido durante anos e realizado pelo surrealista Salvador Dalí e pelo magnata do entretenimento Walt Disney ganhou o primeiro prêmio num festival de cinema australiano. O filme levou 57 anos para ser concluído.
Fragmentos do trabalhado inacabado intitulado Destino, juntamente com storyboards, desenhos e a partitura da trilha original, foram montados, com muito trabalho, por uma equipe liderada por Roy Disney, sobrinho de Walt, depois de descobertos nos cofres do estúdio.
Agora, a Disney espera que Destino, que derrotou quase 90 outros candidatos e ganhou o Grande Prêmio de Melhor Curta do Festival Internacional de Cinema de Melbourne, na sexta-feira, seja levado em conta para uma possível indicação ao Oscar. Além disso, a empresa estuda maneiras de lançar o desenho comercialmente.
— Se você o visse, diria ‘é assim que imagino uma tela de Dalí se ela ganhasse vida — disse David Stainton, presidente da subsidiária da Disney voltada a desenhos animados.
— A mulher da história se converte em bailarina, sua cabeça vira uma bola de beisebol. São coisas malucas. É uma historinha leve com um toque de melancolia, já que ela fala de amor não correspondido — disse Stainton.
Num jantar promovido na Califórnia em 1946, Dalí e Disney traçaram o plano de realizarem um filme juntos, que começou no mesmo ano mas acabou arquivado pouco depois, quando a Disney sofreu problemas financeiros causados pelo pós-guerra.
— Acho que uma das coisas que aproximou os dois foi o senso de humor que caracterizava a ambos — disse Stainton.
Dalí e Disney continuaram amigos pelo resto de suas vidas, mas nunca tiveram outra oportunidade de trabalhar juntos. Um dos maiores pintores espanhóis do século 20, Dalí era conhecido por seus gestos bombásticos e seu enorme bigode. Ele morreu em 1989, aos 84 anos.