Membros do Partido Democrata contestaram a afirmação do presidente norte-americano, George W. Bush, de que o país precisa continuar com a mesma política em relação ao Iraque por causa dos ataques de 11 de setembro de 2001.
– Sinto-me obrigado… a deixar claro o motivo pelo qual entramos nessa guerra – disse o senador John Rockefeller, principal democrata na Comissão de Inteligência do Senado norte-americano.
– Não havia relação nenhuma com Osama bin Laden. Não havia relação nenhuma com a Al Qaeda. Não havia relação nenhuma com o 11 de setembro – afirmou Rockefeller em uma entrevista coletiva.
O senador e outros democratas destacaram que o motivo apresentado pelo governo dos EUA para invadir o país árabe era a acusação de que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. Essas armas, porém, nunca foram encontradas.
Bush fez um discurso na terça-feira, transmitido em cadeia nacional de TV, com o intuito principal de conseguir apoio da opinião pública norte-americana para uma guerra cada vez mais dispendiosa no Iraque.
No pronunciamento de meia hora, Bush referiu-se cinco vezes aos ataques de 11 de setembro. E tentou relacionar a insurgência atual no Iraque com a rede Al Qaeda, acusada de ter realizado os ataques de 2001.
– O que o presidente estava dizendo é que o 11 de setembro nos deu lições importantes – afirmou Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca. – Ele nos ensinou que precisamos enfrentar nossas ameaças antes de elas se materializarem totalmente, antes que atinjam as nossas praias.
O presidente da Comissão dos Serviços Armados do Senado, John Warner, um republicano (governista), disse que Bush havia enviado a mensagem correta.
– Ele disse que essa será uma caminhada difícil, longa, árdua, mas que precisamos continuar no rumo atual e que atingiremos nossa meta, permitindo ao povo iraquiano assumir o controle sobre seu país – afirmou Warner.
A pesar de Bush ter sido elogiado por seus aliados republicanos, congressistas dos dois partidos o criticaram por não oferecer nenhuma grande mudança na estratégia adotada no Iraque.
O senador republicano John McCain disse ser um erro os EUA não colocarem mais soldados no território iraquiano.
O senador John Kerry, que enfrentou Bush nas eleições presidenciais do ano passado, disse que o dirigente havia perdido uma oportunidade de apresentar detalhes concretos sobre como pretende superar as dificuldades enfrentadas no país árabe.
Nunca foi estabelecida nenhuma ligação real entre Saddam Hussein e os ataques de 11 de setembro. Mas, segundo Bush, o Iraque era a principal frente da “guerra contra o terror” porque a insurgência ali era liderada por Abu Musab Al Zarqawi, um aliado de Bin Laden.