Déficit do país em maio vem acima da projeção de analistas econômicos

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Publicado terça-feira, 24 de junho de 2014 as 14:03, por: CdB
A elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nos saques e pagamentos diretos feitos no exterior reduziu o gasto de turistas brasileiros
Apesar da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nos saques e pagamentos diretos feitos no exterior, o gasto de turistas brasileiros aumentou

O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$ 6,635 bilhões em maio, recorde para esses meses e influenciado pela balança comercial e remessas de lucros ao exterior, e novamente não sendo financiado completamente pelos investimentos produtivos. Em maio, os Investimentos Estrangeiros Diretos no país somaram US$ 5,963 bilhões, informou o Banco Central nesta terça-feira. O número veio um pouco melhor do que o esperado pelos economistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters, que previam o IED em US$ 5,2 bilhões.

A pesquisa também mostrou que as projeções para o déficit em conta corrente ficaria em US$ 6,65 bilhões em maio, um pouco acima das contas do próprio BC para o período, de saldo negativo de US$ 6 bilhões. No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, o déficit em conta corrente do país ficou em 3,61% do Produto Interno Bruto (PIB). Entre janeiro e maio, o rombo está em US$ 40,074 bilhões.

O saldo negativo da conta corrente – que abrange a importação e a exportação de bens e serviços e as transações unilaterais do Brasil com o exterior – foi impactado pelo baixo superávit da balança comercial em maio, de US$ 712 milhões, pior resultado para esses meses desde 2002. Também continuou pesando a remessa de lucros e dividendos, que somou US$ 2,356 bilhões em maio, bem próximo ao montante de US$ 2,363 bilhões em igual mês do ano passado, informou o BC.

O BC também manteve sua projeção de déficit em transações correntes neste ano em US$ 80 bilhões, também não mexendo em suas contas para o ingresso de IED no período, em US$ 63 bilhões. No entanto, reduziu a US$ 5 bilhões a estimativa de superávit da balança comercial neste ano, ante US$ 8 bilhões, diante da fraqueza das exportações brasileiras.

A autoridade monetária também reduziu para 26 bilhões de dólares a perspectiva de remessa de lucros e dividendos em 2014, US$ 1 bilhão a menos do que a estimativa anterior.

Gastos no exterior

Ainda segundo o relatório do BC, os gastos de brasileiros no exterior registraram novo recorde em maio. De acordo com dados do Banco Central (BC), no mês passado essas despesas chegaram a US$ 2,266 bilhões, o maior resultado para o período já verificado pelo BC. Em maio de 2013, os gastos somaram US$ 2,221 bilhões.

De janeiro a maio, os gastos de brasileiros em viagens ao exterior chegaram a US$ 10,484 bilhões, acima dos US$ 10,301 bilhões registrados no mesmo período de 2013. As receitas deixadas por estrangeiros no Brasil ficaram em US$ 531 milhões em maio de 2014, contra US$ 522 milhões no mesmo mês do ano passado. De janeiro a maio, essas receitas chegaram a US$ 2,849 bilhões, contra US$ 3,027 bilhões nos cinco primeiros meses de 2013.

Com o resultado dos gastos dos brasileiros e a receita dos estrangeiros, o saldo negativo da conta de viagens ficou em US$ 7,635 bilhões, de janeiro a maio, e em US$ 1,735 bilhão somente no mês passado. Nesta terça-feira, o BC informou que revisou a projeção para o déficit em viagens internacionais este ano, de US$ 18,5 bilhões para US$ 18 bilhões.