Damien Hirst, artista britânico famoso pelo trabalho em que coloca um tubarão num tanque de formol, está no topo da lista dos 100 mais poderosos da revista
ArtReview. Foram seus trabalhos antigos e não os atuais, porém, que o levaram à primeira posição no barômetro das artes plásticas.
O artista de 40 anos subiu 77 postos para o primeiro lugar no ranking anual da influente publicação mensal, passando à frente, por ironia, de seu agente de Nova York, Larry Gagosian.
– Pela primeira vez nos quatro anos de história da lista, há um artista no primeiro lugar – declarou Rebecca Wilson, editora da ArtReview.
– Hirst teve um ano fenomenal. Mesmo que seu novo trabalho exibido em Londres e Nova York tenha recebido críticas fracas, isso parece não importar – disse ela na segunda-feira, acrescentando que nenhum outro artista vivo vendeu mais durante o ano passado.
Hirst ocupou as manchetes de jornal no final de 2004 ao arrecadar 11 milhões de libras (19 milhões de dólares) durante duas horas de venda de seus trabalhos. Meses mais tarde, sua obra de 1991 com um tubarão suspenso num tanque de formol foi vendida por cerca de 7 milhões de libras.
– O trabalho anterior dele continua a vender de modo fantástico. O interessante é que Hirst é cada vez mais procurado na Ásia e no Extremo Oriente.”Ele é mesmo global – afirmou.
Hirst surgiu na cena da arte britânica no fim dos anos 1980 e início dos 1990, encabeçando um movimento de jovens artistas cujo trabalho era feito para chocar e entreter.
Rapidamente, ficou conhecido como o líder não-oficial da BritArt, que ganhou fama no exterior antes de enfraquecer no fim dos anos 1990.
Segundo Wilson, a lista é baseada em números de venda, número de visitantes nas galerias e num critério mais subjetivo sobre a influência artística.
O outro único artista entre os 10 da lista da ArtReview é o norte-americano Bruce Nauman, na nona colocação, que em contraste com Hirst vive longe dos holofotes num haras no Novo México.
Quase metade dos Top 100 é dos Estados Unidos. O galerista Gagosian ficou em segundo lugar e Glenn D. Lowry, diretor do Moma (Museum of Modern Art), em quinto.
O terceiro lugar é do francês François Pinault, que subiu da 13a. colocação no ano passado. Ele é proprietário da casa de leilões Christie’s e um conhecido colecionador.
O britânico Nicholas Serota, chefe dos museus Tate em Londres, caiu do terceiro para o quarto lugar.
Além de colocar um artista como a pessoa mais poderosa do mundo da arte pela primeira vez, a relação da ArtReview apresenta mais pintores que o usual, assinalando o recente interesse da categoria aos olhos dos colecionadores e donos de galeria.
Também há 29 mulheres, mais do que em todos os outros anos. No ano passado havia 22, segundo Wilson.
– Há mais mulheres, sugerindo que o mundo da arte está aos poucos se tornando um lugar aonde as mulheres podem ter sucesso. Historicamente, sempre foi difícil para as mulheres chegarem lá nesse mundo dominado pelos homens – concluiu.