Curdos dizem que ataques fizeram Estado Islâmico recuar de Kobani

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Publicado quarta-feira, 8 de outubro de 2014 as 10:00, por: CdB
Fumaça vista em Kobani após ataque aéreo de coalizão liderada pelos EUA
Fumaça vista em Kobani após ataque aéreo de coalizão liderada pelos EUA

Ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos nesta quarta-feira levaram combatentes do Estado Islâmico a recuar para os limites da cidade fronteiriça curda Síria de Kobani, a qual tentam tomar em uma ofensiva que já dura três semanas, disseram representantes locais.

A cidade tornou-se foco da atenção internacional desde que o avanço dos extremistas levou 180 mil pessoas, a maioria curdas, a fugir para a Turquia, país que enfureceu sua própria minoria curda -e seus parceiros da Otan em Washington- ao se recusar a intervir.

O Estado Islâmico hasteou sua bandeira preta no limite oriental da cidade na segunda-feira, mas, desde então, ataques aéreos foram redobrados pela coalizão liderada pelos EUA, que inclui Estados do Golfo Pérsico que buscam reverter o avanço dos jihadistas na Síria e no Iraque.

Intensos tiroteios puderam ser ouvidos na manhã desta quarta-feira a partir da fronteira da Turquia.

– Eles agora estão fora das entradas da cidade de Kobani. O bombardeamento foi muito eficaz e, como resultado, o EIIL foi forçado a recuar de muitas posições – disse Idris Nassan, vice-ministro de Relações Exteriores do distrito de Kobani, à agência inglesa de notícias Reuters por telefone, referindo-se ao acrônimo do Estado Islâmico.

– Este é o maior recuo deles desde que entraram na cidade e nós podemos considerar isso como o começo da contagem regressiva de sua retirada da área.

O Estado Islâmico tem avançado sobre a cidade, considerada estrategicamente importante, por três lados e a castigado com salvas de artilharia, apesar da brava resistência das forças curdas, que tem menor poderio de fogo.

Especialistas de defesa disseram ser improvável que o avanço possa ser contido apenas por ataques aéreos – um fato que deixou não apenas Washington mas também os descendentes étnicos dos curdos sírios no país vizinho a exigir saber por que tanques da Turquia alinhados e em linha direta de visão a Kobani ainda não atravessaram a fronteira para proteger a cidade.

No entanto, muitos turcos distantes do sudeste do país consideram que é bem melhor arriscar alienar os curdos do que ser sugado para uma guerra terrestre na Síria.

Pelo menos 12 pessoas morreram e dezenas mais ficaram feridas na terça-feira, após simpatizantes do grupo renegado curdo PKK ter se confrontado com a polícia e com islamistas nas cidades e povoados no sudeste da Turquia, predominantemente composto de curdos, assim como em Istambul e Ancara.

Além de se tornar um alvo para o Estado Islâmico, grupo que é ativo em grande parte de sua fronteira com a Síria, a Turquia teme ser tragada para dentro da complexa guerra civil Síria e talvez ter que combater as forças de seu inimigo declarado, o presidente Bashar al-Assad.

Com isso em mente, o presidente Tayyip Erdogan estipulou rígidas condições para a Turquia contemplar um ataque ao Estado Islâmico sobre território soberano sírio.

Na terça-feira, ele reiterou essas demandas: a aplicação de uma “zona livre de voos” sobre a Síria perto da fronteira com a Turquia; a criação de uma zona de segurança dentro da Síria para permitir que estimados 1,2 milhão de refugiados atualmente na Turquia retornem; e o armamento de grupos moderados de oposição para ajudar a derrubar Assad.