Crianças indígenas são amarradas por garimpeiros em reserva

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Publicado quinta-feira, 21 de setembro de 2023 as 11:54, por: CdB

Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, pediu apuração urgente do caso. “Uma violência brutal na região do Hakoma que aconteceu isso, e as crianças estão correndo risco nessa região.

Por Redação, com Brasil de Fato – de Brasília

Uma denúncia da Hutukara Associação Yanomami divulgada na quarta-feira mostra vídeos em que duas crianças e um adolescente indígenas aparecem amarrados a troncos de árvores e sendo ameaçados por garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami, na região de Surucucu, em Roraima. 

Crianças indígenas são amarradas em troncos por garimpeiros por garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami

Os vídeos teriam sido gravados na tarde de terça-feira pelos próprios invasores em Hakoma, um dos locais com maior índice de garimpo ilegal do país. As terras Yanomami se situam nos Estados da Amazonas e de Roraima.

Em um momento da gravação, os garimpeiros acusam os Yanomami de terem furtado celulares. No meio da mata, enquanto grava, o homem grita: “Tira o cartucho, tira o cartucho, traz o celular, traz o celular. Cadê o celular? Pode amarrar. Vá buscar os cartuchos da espingarda”. Em outro trecho, os três indígenas estão amarrados a postes de madeira.

A Associação Hutukara Yanomami enviou um ofício ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em que afirma que não foi possível apurar como terminou o episódio.

Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, pediu apuração urgente do caso. “Uma violência brutal na região do Hakoma que aconteceu isso, e as crianças estão correndo risco nessa região. E os garimpeiros amarraram as crianças. Isso a gente recebeu. Por isso, nós estamos preocupados”, diz. 

Ministério dos Povos Indígenas classificou como “inadmissíveis” os fatos denunciados e disse ainda que está se articulando com outros órgão com o objetivo de garantir “providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso”. 

Situação dos Yanomami

A área atingida pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami caiu 78,5% entre janeiro e setembro de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados foram divulgados no último dia 15 pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa. 

Os garimpeiros que permanecem no local são os mais perigosos, pois estão ligados ao narcotráfico e ao crime organizado, afirma a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Na terra indígena Yanomami, o garimpo ilegal provocou uma crise humanitária que, ignorada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), resultou na morte por causas evitáveis de pelo menos 570 crianças indígenas.

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