Crianças do Sudão pedem comida a Kofi Annan

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Publicado domingo, 29 de maio de 2005 as 13:56, por: CdB

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse no domingo que irá pressionar doadores a cumprir suas promessas de ajuda para o sul do Sudão depois de ser confrontado pela mensagem de ajuda urgente por alimentos em sua primeira visita à região assolada pela guerra.

“Kofi, sem comida, a fome é iminente”, dizia um cartaz segurado por um pequeno grupo de crianças à beira da estrada no caminho do comboio de Annan pelas ruas de Rumbek, o bastião sulista do ex-líder rebelde John Garang.

O governo e o Movimento de Libertação do Povo Sudanês, de Garang, assinaram um acordo em janeiro para acabar com o conflito de 21 anos que deixou o Sudão praticamente sem infra-estrutura.

Os doadores prometerem 4,5 bilhões de dólares para ajudar no acordo de paz em uma conferência em Oslo em abril, mas os trabalhadores de ajuda humanitária dizem que os doadores não estão enviando os alimentos necessários para evitar a pior crise de fome desde a epidemia que matou pelo menos 60 mil pessoas em 1998.

– Os doadores da conferência de Oslo fizeram muitas promessas… Estamos felizes com as promessas, mas eles não estão nos ajudando da forma como o nosso povo merece – disse Garang depois de conversar com Annan.

– Há pessoas morrendo de fome. Estamos pedindo ao secretário-geral que, por favor, faça algo a respeito – disse.

Annan respondeu dizendo:

– A equipe da ONU está aqui e redobraremos os nossos esforços e pressionaremos a comunidade internacional para que cumpram as promessas. Dinheiro hoje é melhor do que dinheiro amanhã e podemos ajudar a salvar muitas vidas.

DESNUTRIÇÃO

O conflito que eclodiu em 1983 já matou 2 milhões de pessoas e se espalhou pelo sul do país, que possui consideráveis reservas de petróleo. Mas as agências humanitárias temem que os pedidos de ajuda no sul podem se perder em meio aos apelos de outro conflito no oeste do país.
Annan visitou no sábado a região de Darfur, a oeste, onde um conflito de mais de dois anos matou milhares de pessoas e deixou 2 milhões de desabrigados. Os pedidos de ajuda foram semelhantes ali.

– Somos simplesmente incapazes de atender às necessidades dos sudaneses do sul. Os índices de desnutrição são altos – disse Rene McGuffin, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU.

Voluntários de ajuda dizem que o aumento da fome no sul pode piorar os conflitos locais por água e rebanhos e complicar as tentativas de antigos rebeldes de implementar um acordo de paz no sul.