CPMI dos Correios quer investigar 700 novos suspeitos de corrupção em 70 dias

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Publicado quarta-feira, 28 de dezembro de 2005 as 21:30, por: CdB

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, embora tenha mais 100 dias de funcionamento, com a previsão de encerramento dos trabalhos no dia 11 de abril, e um prazo hábil de 70 dias úteis, começou nesta terça-feira a analisar uma nova lista de suspeitos, com 700 nomes de funcionários e ex-funcionários de parlamentares que tiveram qualquer contato, por telefone ou movimentações financeiras com pessoas investigadas pela comissão. A média será de 10 novas pessoas investigadas por dia.

Um parlamentar do PT, ouvido pelo Correio do Brasil, embora tenha preferido falar sem ser identificado, para não gerar maiores constrangimentos junto aos seus pares, fez pouco da intenção do relator. Ele já propôs, mas sem sucesso, que a CPMI dos Correios deveria deixar que a Polícia Federal se encarregasse das investigações.

– Nem se a Câmara mobilizasse todos os seus deputados para atender às demandas da CPMI dos Correios seria possível seguir com um foco do tamanho que eles (os membros da Comissão) estão propondo. Mas parece que o intuito, no momento, é muito mais voltado para os holofotes da mídia do que para a eficácia das investigações – afirmou. 

Além das investigações em curso, que envolvem cerca de 100 suspeitos, o relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), defende a decisão de verificar uma a uma as pessoas envolvidas. Mas somente o fato de o nome de alguém estar nesta lista “não significa que a pessoa tenha algum tipo de envolvimento com esquemas de corrupção”, ponderou o deputado.

– Não se pode dizer que existam indícios e nem envolvidos. O que nós temos até agora são pessoas que tiveram, de alguma forma, contato com os investigados. Por isso, não se pode dizer ainda que haja ilícitos – disse Serraglio.

A lista de 700 pessoas surgiu de um cruzamento de bases de dados de parlamentares, funcionários e ex-funcionários do Congresso Nacional nos últimos cinco anos com as pessoas e empresas que tiveram o sigilo bancário, fiscal e telefônico quebrado durante as investigações do esquema do mensalão. Agora, antes de acusar, destacou Serraglio, a CPI dos Correios precisa, mais do que nunca, avançar nas investigações para saber se mais pessoas estão ou não envolvidas no esquema do assim chamado “valerioduto”.

Do total de nomes que aparecem na nova lista, 46 fizeram, ao mesmo tempo, de acordo com o cruzamento, contatos telefônicos e movimentações financeiras com os investigados ligados ou não ao empresário Marcos Valério de Souza. Esses serão, de imediato, o alvo principal das investigações da comissão. Osmar Serraglio não quis citar nomes.

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