Cortados pela metade, juros no cartão de crédito seguem os maiores do mundo

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Publicado quinta-feira, 22 de dezembro de 2016 as 13:42, por: CdB

O anúncio da medida ocorreu nesta quinta-feira, durante café da manhã do presidente de facto, Michel Temer, com jornalistas. Há uma semana, o Temer já havia afirmado que o governo estudava formas de baixar os juros do cartão

 

Por Redação – de Brasília

 

Os juros do rotativo no cartão de crédito terão uma redução de mais da metade, no primeiro trimestre de 2017. Ainda assim permanecerão, com folga, como os maiores do mundo. Atualmente em torno dos 460% ao ano, ainda que caiam para 230% serão equivalentes a mais de quatro vezes aqueles cobrados no Peru, país com a segunda maior taxa no cartão de crédito no planeta, a 55% ao ano. Em seguida vem o Chile, com 54,24%. Seguem a Argentina (33,8%), Venezuela (33%) e Colômbia (29,23%). Nos EUA, a taxa é de 16,89% e no Reino Unido, 18,7%.

Michel Temer e Henrique Meirelles
Michel Temer e Henrique Meirelles, citados na Lava Jato

O anúncio da medida ocorreu nesta quinta-feira, durante café da manhã do presidente de facto, Michel Temer, com jornalistas. Há uma semana, o Temer já havia afirmado que o governo estudava formas de baixar os juros do cartão. Mas ainda não havia anunciado o tamanho do corte.

— No primeiro trimestre desse ano (2017), haverá uma redução de mais da metade dos juros cobrados no cartão de crédito. Em duas hipóteses: a hipótese do juro do cartão, que é aquela coisa dos 30 dias, chamado rotativo, onde haverá essa redução de mais da metade do que hoje se cobra. E em segundo lugar, 30 dias após – é isso que está sendo imaginado – haverá um parcelamento daqueles que não pagaram. Esse parcelamento ainda receberá juros inferiores, menos da metade, quer dizer, menos da metade do que é cobrado no rotativo — adiantou.

Escorchantes

Os juros médios do cartão de crédito, no Brasil; além de escorchantes, estão entre os mais resilientes do mundo, há quase uma década no topo da lista. As taxas chegaram a 459,53% ao ano em novembro, segundo pesquisa daAssociação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade  (Anefac).

Os juros do rotativo do cartão de crédito são cobrados quando o cliente não paga o valor total da fatura.  Atualmente, o cliente tem a opção de pagar apenas uma parte do valor da fatura, o chamado valor mínimo (15%). E deixar o saldo restante para o próximo mês. Essa operação, chamada crédito rotativo, ao lado do uso do cheque especial, envolve a cobrança dos juros mais altos no planeta. Motivo porque deve ser sempre evitada.

Os juros são definidos pela instituição financeira e cobrados sobre a quantia que deixou de ser paga. Na página do Banco Central (http://zip.net/bgtcRG – link encurtado e seguro), é possível conhecer as taxas de juros de todas as instituições financeiras.

‘Pauta positiva’

Os anúncios de medidas supostamente positivas para a economia vêm na esteira de uma nova tentativa do governo Temer de mudar o tom das avaliações sobre o período em que permanece como inquilino do Palácio do Planalto. Muitas dessas medidas ainda estão em estudo e sequer têm prazo determinado para entrar em vigor.

O desempenho da economia permanece ruim no segundo semestre deste ano. O fato coloca em xeque o otimismo inicial com a deposição da presidenta eleita, democraticamente, Dilma Rousseff (PT).

O anúncio destas medidas simplesmente inócuas ocorre logo após a cúpula política do atual governo — incluindo o próprio Michel Temer — ter sido citada em delação premiada da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato. Analistas financeiros ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil são unânimes ao afirmar que os pacotes divulgados ao longo desta semana são, aparentemente, positivos. Mas não resolvem a crise político-econômica em curso, no país. As propostas não apresentam qualquer relação entre si. Assemelham-se a uma colagem sem nexo e o impacto será mínimo na economia brasileira.