Corpo de Arafat chega ao Cairo para cerimônia fúnebre

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Publicado sexta-feira, 12 de novembro de 2004 as 08:39, por: CdB

O corpo do presidente palestino, Yasser Arafat, chegou no final desta quinta-feira ao Cairo, onde líderes de todo o mundo devem participar de uma cerimônia militar em homenagem a ele.
O avião que transportou o caixão de Arafat de Paris pousou pouco antes das 23h (19h em Brasília). A cerimônia no Cairo está marcada para esta sexta-feira.

Arafat, que desde a década de 1960 simbolizava as aspirações nacionais palestinas, morreu na madrugada de quinta-feira em um hospital perto de Paris. Depois do Cairo, seu corpo será levado para Ramallah (Cisjordânia), onde será enterrado. Autoridades egípcias disseram que o corpo do líder palestino será mantido em um hospital militar até o começo da cerimônia, previsto para as 11h (7h em Brasília).

Líderes de vários países árabes e muçulmanos, além de chefes de Estado e ministros de outras partes do mundo, vão participar da parada militar que deve começar depois das orações em uma mesquita na periferia do Cairo, segundo as autoridades.

A agência estatal Mena disse que o tráfego será redirecionado e que o público será mantido a distância. Também na sexta-feira, outra cerimônia, esta aberta à população, vai ocorrer na mesquita de Al Azhar, no centro da capital.

Fontes de segurança disseram que depois da cerimônia, o corpo de Arafat será levado de avião e helicóptero para Ramallah. O enterro acontecerá na sede da Autoridade Palestina, onde Arafat passou os últimos dois anos e meio de sua vida sitiado pelas forças de Israel – até ser transferido para a França, já muito doente, no dia 29 de outubro.

O local, conhecido como “Muqata”, é em si um símbolo da luta por um Estado que Arafat não viveu para ver concretizado. Um importante clérigo palestino disse à Reuters que ele será enterrado em um caixão de concreto, que posteriormente poderá ser transferido para Jerusalém. Os palestinos reivindicam a parte leste da cidade sagrada como capital de seu eventual Estado, e Arafat nunca escondeu seu desejo de ser enterrado ali. 

A Liga Árabe disse que manterá, de sexta a domingo, um livro de condolências para ser assinado pelos líderes de todo o mundo. Ao meio-dia de sábado, haverá uma sessão especial da entidade.

Entre os líderes que já confirmaram presença no Cairo estão os presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, do Líbano, Emile Lahoud e do Zimbábue, Robert Mugabe. O rei Abdullah, da Jordânia, e o presidente do Egito, Hosni Mubarak, também devem participar da cerimônia.

Também anunciaram a intenção de viajar para lá os presidentes de Argélia, Bangladesh, Iêmen e Indonésia, assim como os primeiros-ministros da Turquia, do Paquistão e da Suécia. França, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha e Irã, entre outros, devem enviar seus ministros de Relações Exteriores.

O ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid, confirmou que o país não pretende enviar uma delegação.

– Esta é uma nova idéia esplêndida. Ninguém nunca me sugeriu isso – ironizou ele em entrevista à CNN.

– Não, normalmente eu não acho que devamos mandar um representante para o funeral de alguém que matou milhares da nossa gente – ressaltou. 

Os Estados Unidos, que nos últimos dois anos e meio isolaram Arafat politicamente, vão mandar um representante de escalão relativamente baixo ao Cairo, o secretário-assistente de Estado William Burns, o que reflete a opinião de Washington de que Arafat era um “líder fracassado”, que passou tempo demais aferrado ao poder.

As autoridades disseram que o Cairo foi o local escolhido para a cerimônia porque dessa forma todos os governantes estrangeiros poderiam participar – o que seria inviável na Cisjordânia, que está sob ocupação israelense.

O Egito se tornou um importante mediador no conflito árabe-israelense depois de firmar um acordo de paz com Israel, em 1979 — foi o primeiro país árabe a fazê-lo. Na época, o acordo foi duramente criticado por grande parte dos palestinos e por muitos no