A Coréia do Norte acusou a Coréia do Sul nesta quinta-feira de seqüestro e terrorismo depois de o país capitalista ter recebido mais de 450 refugiados norte-coreanos vindos do Sudeste Asiático nesta semana.
O governo do país comunista rompeu seu silêncio sobre o assunto um dia depois de concluída uma operação pela qual foi levado para Seul o maior grupo de refugiados da Coréia do Norte desde a guerra entre os dois países (1950-53).
O governo sul-coreano realizou a operação de forma bastante discreta, em parte para evitar problemas com a liderança norte-coreana. “Este foi um ato organizado e premeditado de engodo, sequestro e terrorismo praticado pelas autoridades sul-coreanas contra a população da DPRK (sigla para o nome oficial da Coréia do Norte) em plena luz do dia”, disse a Comissão para a Reunificação Pacífica da Pátria. As declarações do órgão foram divulgadas pela agência oficial de notícias norte-coreana KCNA.
A comissão, encarregada das relações entre as duas Coréias, disse que o governo sul-coreano pagaria um “alto preço” por trabalhar contra o sistema comunista do norte. Uma das formas de retaliação pode ser o boicote da reunião entre ministros sul e norte-coreanos, marcada para acontecer em Seul na próxima semana.
Autoridades em Seul se disseram preocupadas porque a Coréia do Norte ignorou os pedidos para discutir a agenda do encontro. “As autoridades sul-coreanas estão se sentindo desconfortáveis, tomadas de culpa depois de terem enganado e sequestrado esses moradores do norte como se fossem gatos de rua”, disse o governo norte-coreano.
Acredita-se que a maior parte dos refugiados tenha entrado em países do Sudeste Asiático a partir da China.Grupos de ajuda humanitária estimam haver ao menos 100 mil refugiados norte-coreanos ainda escondidos em toda a Ásia, a maior parte deles na China.