Copom sinaliza para aumento de juros

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Publicado quinta-feira, 26 de agosto de 2004 as 10:49, por: CdB

A alta do petróleo e das expectativas de inflação para 2005 elevou o risco de que apenas a manutenção do juro básico possa não ser suficiente para garantir o cumprimento das metas de inflação. Na ata da última reunião, divulgada nesta quinta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) reconhece que precisará “permanecer atento” a esses dois fatores, enquanto ainda se consolidam.

Em julho, o colegiado do Banco Central avaliou que a sustentação do juro em 16% por um período prolongado seria suficiente para garantir a convergência da inflação à trajetória das metas, mas já admitia um risco de a deterioração das projeções de preços demandar “uma postura mais ativa”.

“O Copom entende que, desde então, dois fatores principais fizeram com que esse risco sofresse alguma elevação”, mostrou a ata, ponderando que mesmo que o cenário inflacionário exija um “ajuste” na taxa básica, o crescimento econômico não será prejudicado.

“A evidência é de que a retomada do nível de atividade depende menos do impulso monetário agora do que era o caso no início do processo, apoiando-se cada vez mais na recuperação do mercado de trabalho, inclusive nos ganhos de rendimentos reais possibilitados pela queda da inflação.”

Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 16 % pelo quarto mês seguido. Com essa taxa e câmbio a 3 reais, as projeções de inflação estão acima da meta deste e do próximo ano. No mês passado, o Copom via a inflação apenas “ligeiramente” acima do centro da meta de 2005, de 4,5%.

O BC reiterou que o forte crescimento da economia requer cautela redobrada na condução da política monetária. Como na ata passada, o Copom salientou a importância de monitorar o risco de descompasso entre o produto efeito e o potencial –o chamado hiato do produto.

Preço do petróleo

A autoridade monetária apontou ainda que a maior preocupação no cenário externo é o forte aumento dos preços do petróleo, que até a semana passada atingiam recordes consecutivos de alta.

O Copom manteve a projeção de aumento de 9,5% da gasolina ao longo de 2004, que seria suficiente para “eliminar por completo a defasagem de seu preço doméstico em relação a um preço internacional do petróleo cru da ordem de 35 dólares por barril”.

Mas esse cenário, que leva em conta a possibilidade de alívio no mercado externo, está cercado de “incerteza acentuada” neste momento, completou a ata.

“Portanto, é forçoso reconhecer que, desde a última reunião do Copom, aumentaram em alguma medida os riscos à concretização do cenário central de trabalho para a evolução dos preços do petróleo”, avaliou o BC.

“Riscos estes que poderiam se materializar em um aumento maior da gasolina em 2004 ou em uma defasagem maior que ficasse por corrigir em 2005. Além disso, independentemente do que ocorra com os preços domésticos da gasolina, deve-se reconhecer que a elevação dos preços internacionais do petróleo se transmite de qualquer forma à economia doméstica.”

A estimativa para reajuste dos preços administrados deste ano também foi mantida, em 8,3 %. Para 2005, a projeção de aumento dos administrados subiu de 6% para 6,3%.