Copom, mínimo e inflação dos EUA são destaques na semana

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Publicado segunda-feira, 14 de junho de 2004 as 10:05, por: CdB

O mercado abre a segunda quinzena de junho atento à definição da nova Selic, à votação do salário mínimo no Senado e à inflação americana.

A agenda da semana ainda comporta dados de emprego e salário dos brasileiros em abril, desempenho do comércio também em abril e a primeira prévia do IPC-Fipe de junho.

Mas a Selic que atravessará o semestre, o esforço do governo em aprovar o mínimo de R$ 260 ou o desgaste do presidente Lula caso tenha que vetar uma decisão do Senado por um salário mínimo maior podem alterar as expectativas de médio prazo.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) confirma a nova Selic. E qualquer resultado diferente da manutenção da taxa em 16% pelo terceiro mês consecutivo empurrará os bancos para um forte ajuste dos preços dos ativos financeiros.

Juro e câmbio – instáveis há cerca de 40 dias – estão na linha de frente. E essas duas variáveis corrigem o valor de mais de 70% do estoque de títulos do governo em mercado.

Bancos e consultorias não têm dúvida de que a atividade industrial em recuperação sustentada e o fôlego dos índices de preços (no atacado e no varejo) justificam a estabilidade da Selic por mais um mês.

Soma-se a isso, o aperto monetário em curso na Europa e nos Estados Unidos e a pressão de custos provocada pela mudança de patamar do preço do petróleo.

Aperto geral

Na quinta passada, feriado de Corpus Christi, o Banco da Inglaterra confirmou o esperado e elevou o juro básico para 4,5% ao ano. O Federal Reserve, nos EUA, apostam analistas internacionais, aumentará o juro para 1,25% no dia 30.

O petróleo escorregou abaixo de US$ 40 o barril na semana passada, mas resiste a romper o suporte de US$ 38 no mercado futuro de Nova York, prolongando uma alta de preço que tende a afetar a inflação internacional.

Dívida pública entra na mira do mercado

É neste cenário, em construção há meses, que o mercado doméstico vai arrematar o semestre. O mercado não contava, porém, com as incertezas que começaram a rondar a dívida pública brasileira.

A rolagem da dívida cambial –retomada pelo BC na última semana após sete meses de trégua– levantou dúvidas sobre a consistência da melhora do perfil da dívida mobiliária.

Ainda que explicada pela disposição do BC de auxiliar o sistema bancário na oferta de “hedge” para um elevado estoque de dívida privada em dólar, a rolagem das cambiais gera inquietação por ser feita na sequência de meses de dificuldades de venda de outros títulos públicos e com impactos negativos em fundos de investimentos.

O financiamento da dívida foi comprometido por risco de preço, e não risco de crédito, do início de fevereiro até a terceira semana de maio.

Todos os resgates foram honrados, mas o Tesouro foi obrigado a recomprar títulos, a ajudar a reprecificar os papéis (Letras Financeiras do Tesouro e Letras do Tesouro Nacional) e a retomar os leilões em novos patamares de negociação.