Clubes do G-14 querem processar a Fifa e Uefa

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Publicado sábado, 8 de novembro de 2003 as 17:02, por: CdB

Os clubes de futebol mais ricos da Europa, que integram o chamado G-14, estão dispostos a empreender ações judiciais contra a Fifa e a Uefa se estas não lhes compensarem por ceder jogadores aos times nacionais.
Assim assegurou o porta-voz do G-14 e diretor do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge, em declarações publicadas neste sábado, pelo jornal suíço Le Temps que explicam por que esses clubes exigem 80 milhões de euros à Federação Internacional de Futebol.

“É uma questão de jogo limpo, explica Rummeniege, que afirma que a Fifa embolsa mais de 1,3 bilhão de euros organizando um mundial, e nós, os clubes, devemos ceder gratuitamente nossos jogadores às seleções nacionais”.

– Durante suas longas ausências, continuamos pagando seus salários e suas gratificações de seguro, e quando voltam, estão esgotados ou se ressentem de alguma lesão. Não vale a pena – afirma o diretor e ex-jogador alemão.

Rummenigge se queixa que a Fifa fez caso omisso de sua reivindicação, que foi discutida em 23 de março, e informa que na quarta-feira passada o G-14 voltou a enviar cartas à Fifa e à Uefa informando suas exigências.

– Se o G-14 não receber resposta em sua próxima reunião, prevista para o dia 18 de novembro, lançará uma ação jurídica para que se reconheçam seus direitos – explica.

Segundo Rummenigge, um exame jurídico realizado pelo especialista europeu em futebol Jean-Marc Dupont chega à conclusão que os clubes têm a obrigação de colocar a seus jogadores à disposição das seleções nacionais, “mas não gratuitamente”.

Rummenigge acrescenta, no entanto, que se renunciou a utilizar esta arma porque “causaria muito dano aos jogadores, às federações nacionais e aos torcedores”.

– Em qualquer caso, não sou a favor dos conflitos. Desejo realmente uma solução negociada, um compromisso que seja correto para os clubes – afirma Rummenigge, que reconhece que a via jurídica pode ser um processo longo.

– A Fifa e a Uefa têm que buscar a forma de ajudar os clubes. O dinheiro está aí. Os ingressos que gera um mundial ou um campeonato europeu são suficientes – diz.

O diretor europeu explica, em contrapartida, que não é nenhum segredo que muitos clubes atravessam uma situação muito grave: “O futebol internacional está gravemente ameaçado por uma crise econômica”.

No entanto, ele nega que isso tenha nada a ver com as reclamações à Fifa.

“O debate sobre os (altos) salários tem que ser feito diretamente com os jogadores. Quanto à Fifa, trata-se somente de determinar a que preço alugamos a nossos jogadores para uma competição na qual não participamos como clubes”.

“Um jogador custa uma média de 5.000 euros por dia a um clube do G-14”, diz Rummenigge, que afirma que “quando alguém aluga um carro, tem que pagar algo, e isso é o que seria preciso fazer também no caso dos jogadores”.

Rummenigge reconhece de qualquer forma que os clubes exageraram com a atual espiral de salários, que põe em perigo a existência de algumas equipes.

–  Faz falta uma revisão em baixa, mas é algo que requer tempo. No Bayern de Munique, por exemplo, estes dois últimos anos revisamos em baixa todos os contratos que foram vencendo – explica.

Segundo Rummenigge, o G-14 se pôs de acordo em uma recomendação: seus membros não deveriam consagrar mais de 70 por cento de seus orçamentos à massa salarial de seus jogadores.

– No momento em que debatemos o tema, essa parte correspondia a 90 por cento em alguns clubes. No Bayern, significa 50 por cento porque nossa política é que o clube seja rentável com o tempo – explica.

Sobre a composição do G-14, Rummenigge diz que “ao princípio éramos oito, depois 12, depois 14 e finalmente 18”, acrescentando que “é possível que cheguemos em breve a 24″ já que clubes como o Benfica, de Lisboa, o Glasgow Rangers e o Feyenoord, de Roterdã, querem entrar”.

– O critério de entrada é o número de títulos: