A chuva forte e uma aparente baixa participação popular lançaram nesta quinta-feira uma sombra sobre o segundo dia das eleições moçambicanas, que elegerão o sucessor do presidente Joaquim Chissano.
Um fluxo contínuo de eleitores foi aos postos eleitorais, mas o porta-voz do Comitê Eleitoral Nacional, Filipe Manjate, disse que os números em muitas áreas parecem estar abaixo do esperado.
– A chuva vem sendo um problema em algumas Províncias, a infra-estrutura está destruída em outras. Tínhamos um helicóptero no norte, mas ficou sem combustível – contou ele.
Cerca de 100 postos eleitorais no norte de Moçambique não abriram devido a problemas de transporte, mas esse total não chega a ser significativo, já que foram montados cerca de 13 mil em todo o país. Nesta quarta-feira, canoas e helicópteros foram utilizados para levar cédulas a distritos rurais em áreas remotas.
O empresário Armando Guebuza, 60, do partido de Chissano – a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) – é o favorito para derrotar o desafiante Afonso Dhlakama, 51, do ex-grupo rebelde Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Candidatos de três partidos menores também estão concorrendo e um novo Parlamento será eleito na votação, que deve se encerrar às 18h (14h, horário de Brasília) desta quinta-feira.
Guebuza e Dhlakama disseram à Reuters que estão satisfeitos com o decorrer na eleição até agora e que esperam um processo livre, justo e legítimo.
– Cotinuo muito confiante. Os moçambicanos vão me dar o mandato para fazer coisas que disse que quero fazer – acelerar a luta contra a corrupção, a AIDS e procurar trazer mais investimentos para aumentar a criação de empregos – disse Guebuza.
– O fato mais importante é que o povo está cansado da Frelimo, que está por aqui há 30 anos e na verdade não fez o suficiente para desenvolver nosso país. O povo quer Dhlakama para mudar sua vida e estou pronto para servir – declarou Dhlakama à Reuters.
Analistas dizem que Guebuza tem uma pequena vantagem sobre Dhlakama, graças às credenciais de luta da Frelimo. Independente de quem ganhe, eles acreditam que a eleição não mudará muito a política de Moçambique.O Banco Mundial lançou um de seus maiores programas da África para reconstruir o país devastado por uma guerra civil, que terminou em 1982.
O crescimento econômico está entre os maiores do mundo, com média de 10 por cento na última década, mas metade dos 18 milhões de habitantes vive na pobreza e o desemprego chega a 50%. Chissano poderia concorrer, mas disse que desistiu para criar espaço político para o florescimento da democracia.
Serão escolhidos 250 membros do Parlamento na terceira eleição democrática na ex-colônia portuguesa. Os resultados preliminares devem sair no fim de semana, e o anúncio oficial, em 17 de dezembro.