Chegou o espetáculo?

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Publicado terça-feira, 8 de julho de 2003 as 18:26, por: CdB

Chegou julho e, com ele, podemos esperar o “espetáculo do desenvolvimento” anunciado por Lula. Na verdade, nos consolamos com menos. Não precisa nem ser espetáculo. Desenvolvimento só, já melhora um pouco.

Que com o desenvolvimento, espetacular ou não, o governo deixe de falar pelo Meirelles e pelo Palocci, que o governo deixe de olhar para os índices financeiros para dizer como o Brasil está e olhe principalmente para os índices sociais.

Que o presidente deixe de usar provérbios conservadores, desmobilizadores, que incitam ao atraso e à passividade e passe a convocar a mobilização, a consciência, a organização. Que deixe de atacar a esquerda e passe a atacar a direita. Que deixe de tomar os movimentos sociais como seus inimigos, passando a atacar o capital financeiro, o sistema bancário e a especulação.

Que venha um desenvolvimento com distribuição de renda, senão não adianta. E para vir, não pode ficar resumido a medidas de microeconomia – como crédito menos caro da Caixa Econômica, por exemplo -, mas tem que mexer no coração dessa política econômica – considerando que ela tenha coração.

Com essas taxas de juros, nada de desenvolvimento e espetáculo, apenas de especulação.

Que o presidente fale menos, dê entrevistas coletivas, receba perguntas e responda.

Anunciar o “espetáculo do desenvolvimento” na verdade não permite muitas esperanças, porque sair de uma recessão profunda como a herdada e acentuada neste primeiro semestre de 2003, não é um ato, mas teria que ter sido preparado com uma série de medidas. No entanto, todos os índices econômicos pioraram e estão num nível muito negativo.

Vejamos, com esperança e sem medo.

Emir Sader é jornalista.