“Chega de ódio”, afirma o presidente Lula em discurso aos brasileiros

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Publicado domingo, 1 de janeiro de 2023 as 17:29, por: CdB

Com a ausência de Jair Bolsonaro (PL), que viajou para os Estados Unidos, a faixa presidencial foi entregue para Lula por um grupo representando a sociedade civil. Subiram a rampa: o cacique Raoní, representando os indígenas, uma criança negra, uma pessoa com deficiência física, uma mulher e um jovem.

Por Redação – de Brasília

Em um discurso emocionado, o agora presidente da República brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou sua decisão de trabalhar para que a sociedade seja mais justa e a concentração de riqueza seja abolida, junto com a desigualdade racial, do futuro da nação. Lula também rejeitou o ambiente de ódio, imposto aos brasileiros pelo antecessor.

Lula, faixa
Lula recebe a faixa presidencial das mãos do povo brasileiro

Dizendo que é um “crime” a fome estar de volta ao país, Lula afirmou que “não pode haver lugar para tantas desigualdades”.

— Enquanto as mulheres ficam no farol com cartazes dizendo ‘me ajuda’, as pessoas ficam na fila de ossos de carne, o Brasil tem fila para a compra de jatinhos. É inadmissível que 5% desse país detenham a mesma renda de 95% dos demais — disse interrompendo a fala várias vezes.

Racismo

Lula também afirmou que não vai governar só para quem o elegeu, “mas para todos os brasileiros”.

— A ninguém interessa o país em permanente pé de guerra. É preciso unir os laços com amigos e familiares. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, para estudar e ser feliz. A disputa eleitoral acabou — acrescentou.

Repetindo o discurso após a vitória de 30 de outubro, Lula disse que “não existem dois brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação”. O petista também falou sobre as desigualdades de gênero e o racismo.

— É inaceitável que continuemos a conviver com preconceito, discriminação e racismo. Somos um país de muitas cores e todos devem ser respeitados e ter as mesmas oportunidades. Por isso, estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial para enterrar a trágica herança de nosso passado escravagista — ressaltou.

Golpe

Já sobre os povos indígenas, voltou a ressaltar que eles “devem ser respeitados e que eles não são obstáculo ao conhecimento, mas são guardiões dos nossos rios e florestas”.

Sobre as mulheres, disse ser “inaceitável” que elas recebam um salário menor que os homens para fazer as mesmas funções. “As mulheres devem ser o que quiserem ser, devem estar onde quiserem estar. Por isso, estamos trazendo de volta o ministério das mulheres”, pontuou.

Lula ainda defendeu os investimentos em saúde, educação e na preservação do meio ambiente e disse que seus governos “nunca foram irresponsáveis com dinheiro público”.

História

O líder popular disse, ainda. que os últimos anos não foram fáceis desde o “golpe contra a presidenta Dilma (Rousseff) em 2016” e “depois os quatro anos de um governo de destruição nacional que a história jamais perdoará”.

— Foram 700 mil mortos da pandemia de Covid-19, 124 milhões em alguma situação de insegurança alimentar, 33 milhões de pessoas. Eles não são números, são pessoas, são homens, mulheres e crianças — destacou, ressaltando que o “pesadelo chegou ao fim”.

Dizendo que é preciso fazer uma “frente ampla” com membros da política e da sociedade civil “para a reconstrução do país” porque “sempre disse que o Brasil tem jeito”.

“Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, a justiça e o amor que derrotou o ódio. Viva o Brasil e viva o povo brasileiro”, finalizou.

Faixa presidencial

Com a ausência de Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos, a faixa presidencial foi entregue para Lula por um grupo representando a sociedade civil.

A passagem formal foi realizada por uma mulher negra que atua como catadora de materiais recicláveis.

Subiram a rampa ainda: o cacique Raoní, representando os indígenas, uma criança negra, uma pessoa com deficiência física e pessoas de bairros periféricos do país. Também presente a cachorrinha Resistência, adotada por Janja Lula da Silva na época em que o agora marido, Lula, estava preso.

Com a ausência de Jair Bolsonaro (PL), que viajou para os Estados Unidos, a faixa presidencial foi entregue para Lula por um grupo representando a sociedade civil. Subiram a rampa: o cacique Raoní, representando os indígenas, uma criança negra, uma pessoa com deficiência física, uma mulher e um jovem. Também presente a cachorrinha Resistência, adotada por Janja Lula da Silva na época em que o agora marido, Lula, estava preso.

— Quem entrega a faixa é o povo brasileiro, que, segundo a Constituição, é o detentor do poder — disse a jornalistas, neste domingo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), novo líder do governo no Congresso.

Diversidade

Entre os organizadores da posse, duas ideias eram discutidas: que o petista recebesse a faixa de um grupo de pessoas que representassem a diversidade do povo brasileiro ou de um grupo de crianças, para simbolizar não só a diversidade do país, mas também o futuro.

Havia ainda a possibilidade de que o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), passasse a faixa. Ele foi sondado por petistas, mas segundo interlocutores do parlamentar, a transição não confirmou se pretendia levar adiante a ideia.

Matéria atualizada às 18h16

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