Chefe de clima da ONU diz que Protocolo de Kyoto é insuficiente

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Publicado segunda-feira, 25 de outubro de 2004 as 16:59, por: CdB

O Protocolo de Kyoto, salvo na semana passada pela Rússia, será pouco eficaz para conter as alterações climáticas, e os governos precisam adotar medidas mais radicais sobre o assunto, disse o principal especialista em clima da Organização das Nações Unidas (ONU).

– Minha impressão é de que provavelmente teremos de agir mais (no combate às alterações climáticas) do que a maioria das pessoas está considerando – disse à Reuters Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Ele elogiou a aprovação da ratificação do Protocolo de Kyoto pela câmara baixa do Parlamento russo, o que abre caminho para que o pacto, firmado em 1997, finalmente entre em vigor nos 126 países que o aprovaram. O maior poluidor do mundo, os Estados Unidos, abandonaram o acordo em 2001.

– Não podemos nos iludir e achar que o problema está resolvido – observou Pachauri.

– O protocolo não é suficiente. Temos que analisar o problema novamente.

O Protocolo de Kyoto é o primeiro passo para a redução da emissão de gases como o dióxido de carbono, a maioria dos quais provenientes da queima de combustíveis fósseis. Cientistas responsabilizam esses gases pela criação do efeito-estufa.

O aumento da concentração desses gases elevaria a temperatura do planeta, derretendo as calotas polares, inundando regiões costeiras e levando o caos aos fenômenos climáticos.
Pachauri faz um apelo para que o mundo troque a estratégia de metas de redução da emissão desses gases, como a de Kyoto, por determinações globais de longo prazo que definam a quantidade de gases que a atmosfera pode conter.

Os níveis de dióxido de carbono aumentaram cerca de 30% desde o início do século 18.

– Precisamos de um certo consenso sobre onde estabilizar as concentrações – disse ele.

– Temos de tentar definir para onde iremos nos próximos 30-40 anos.

Pachauri comanda a produção de um relatório da ONU sobre o clima, a ser concluído em 2007, com base em pesquisas feitas por mais de 2.000 cientistas. Ele atualizará uma análise de 2001 que concluiu que havia evidências “novas e mais fortes” de que atividades humanas eram responsáveis pela elevação das temperaturas.

– Espero que esse relatório preencha lacunas, reduza incertezas e traga um recado bem mais contundente – disse Pachauri, que trabalha em Nova Délhi.

Sob o pacto de Kyoto, os países desenvolvidos devem cortar as emissões de dióxido de carbono para que elas fiquem pelo menos cinco por cento abaixo dos níveis de 1990, entre 2008-12.