Chávez usa força militar para acabar com rebelião em petroleiro

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Publicado quinta-feira, 5 de dezembro de 2002 as 17:00, por: CdB

No quarto dia da greve geral que tem o objetivo de forçar a sua renúncia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, enviou nesta quinta-feira um navio de guerra para controlar uma rebelião em um petroleiro, cujo controle está nas mãos de opositores de seu regime.

Chávez também prometeu usar a força militar para preservar a indústria petrolífera do país – a quinta maior do mundo -, já ameaçada pela greve nacional. A Venezuela produz 2,49 milhões de barris por dia.

Em um pronunciamento em rede de rádio de televisão, o presidente afirmou que as exportações de petróleo não serão afetadas, apesar de “setores desestabilizadores” – como Chávez definiu – terem enfileirado caminhões em frente à estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA).

“Isto é um plano contra a indústria petroleira”, afirmou.

Na quarta-feira, a tripulação do petroleiro “Pilín León” ancorou o navio, que transporta 280 mil barris de combustível, no canal em frente à cidade de Maracaibo. Chávez classificou esta atitude como um “ato de pirataria”.

Comandantes de pelo menos outros cinco petroleiros também decidiram ficar parados, em vez de entregar seus carregamentos.

Chávez recorreu ao pronunciamento para responder às manifestações promovidas por centenas de milhares de opositores, que realizam protestos em 11 cidades, e à rebelião dos tripulantes de petroleiros.

Segundo o presidente, os organizadores do protesto são “golpistas” que estão tentando derrubá-lo mais uma vez.

“Cada vez que estes setores convocam uma greve é porque têm um punhal escondido”, denunciou. “Assim foi em 11 de abril, quando convocaram uma greve que fracassou e que era apenas uma máscara do movimento golpista”.

Entre os idealizadores dos protestos desta semana destacam-se as duas maiores organizações sindicais e empresariais do país – as mesmas responsáveis pela greve geral que resultou, em abril, no afastamento de Chávez do poder por 48 horas.

Na ocasião, 19 pessoas morreram e 300 ficaram feridas em conseqüência dos confrontos violentos entre simpatizantes e adversários do presidente.

A greve atual, convocada por tempo indeterminado, pretende forçar Chávez a renunciar ou pelo menos antecipar as eleições presidenciais.

Os representantes da oposição rejeitaram uma proposta de Chávez de organizar um plebiscito em agosto de 2003 – quando se completa metade de seu mandato de seis anos – sobre sua permanência no poder.