Chávez acusa Bush de tentar derrubá-lo

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Publicado segunda-feira, 12 de janeiro de 2004 as 08:57, por: CdB

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse na manhã desta segunda que denunciará na cidade mexicana de Monterrey, onde governantes latino-americanos iniciam o encontro de cúpula, um suposto complô dos EUA e da oposição venezuelana para derrubá-lo. Em seu programa semanal Alô Presidente, Chávez disse que os EUA pretendem acusá-lo de adversário da democracia, caso o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano considere inválidas mais de 3,4 milhões de assinaturas que a oposição diz ter coletado para a convocação de um referendo que abreviaria o mandato presidencial de Chávez.

– Imagino que em Washington dirão que eu sou um inimigo da democracia, que Chávez sabotou o referendo e que portanto vale a pena afastá-lo – afirmou.

A seu ver, os Estados Unidos podem até exortar as Forças Armadas venezuelanas a “pegarem em armas” para o depôr, na medida em que, como inimigo da democracia, isso poderia ser feito sem maiores problemas. Chávez também sugeriu que seus opositores poderiam alvejá-lo.
O presidente disse que Washington ´prepara o terreno´´ para desencadear o roteiro golpista, e que a prova pode ser encontrada nas declarações dos últimos dias de membros do primeiro escalão do governo norte-americano.

Neste domingo à noite, o presidente venezuelano, em iniciativa que já azedaria um pouco mais as suas relações com os EUA, qualificou Condoleezza Rice de “uma verdadeira analfabeta”. Rice é conselheira em segurança da Casa Branca e uma das pessoas de maior prestígio na assessoria de George W. Bush.

A acusação foi feita em resposta à declaração de Rice de que Chávez “não exerce um papel construtivo” na América Latina. O venezuelano aconselhou publicamente os Estados Unidos “a não meterem o nariz” na Venezuela.
 
O presidente venezuelano sugeriu que Fidel Castro, premiê de Cuba, enviasse a Rice brochuras de um plano de alfabetização implantado na Venezuela, com assistência técnica cubana. As relações entre Washington e Caracas são tensas desde a eleição de Chávez, no final de 1998, e permaneceram eletrizadas em razão da suspeita venezuelana de que os EUA participaram, em abril de 2002, da tentativa de golpe de Estado contra o presidente.