CCBB apresenta videoinstalções de Sônia Andrade

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Publicado quinta-feira, 14 de julho de 2005 as 15:37, por: CdB

Uma das pioneiras da linguagem de vídeo-arte no Brasil, a carioca Sônia Andrade, vai impressionar o público com sua exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a partir do dia 19. Sob a curadoria de Luciano Figueiredo, diretor do Centro de Arte Hélio Oiticica, a exposição apresenta três trabalhos inéditos – ainda sem título – além de cinco videoinstalações e video-objetos realizados com pedras e cristais entre 1991 e 1992. A mostra tem como tema a frase do poeta inglês John Donne (1572 – 1631): <i>It were but madness now t’impart the skill of specular stone</i> – Seria loucura agora partilhar a matéria da pedra especular.

Através  da tecnolgia e da força bruta da pedra, a artista articula uma sintaxe de elementos indispensáveis ao universo pictórico como modelo, imagem, luz, sombra e cor, uma combinação perfeita que faz o público viver uma rica experiência visual.

O catálogo da exposição documenta pela primeira vez, em caráter retrospectivo, a trajetória da artista, com textos assinados pelo curador e por estudiosos da artista como Marisa Florido e André Parente.

Sônia Andrade foi uma das primeiras artistas brasileiras a abraçar o vídeo como meio de expressão, tendo realizado, desde 1974, cerca de uma dezena de experimentos de curta duração que podem ser considerados os mais maduros de sua geração. Ao  lado de Letícia Parente, Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Paulo Herkenhoff e Míriam Danowski, artista fez parte de uma geração que empregou os novos meios de produção imagética – como a fotografia, o postal, o cinema, o vídeo, a xerox – de acordo com suas necessidades experimentais e conceituais.

Foi uma ruptura com o repertório modernista de expressão artística e seus esquematismos racionalistas, esgotados pelo concretismo e o neoconcretismo, que abriu um novo caminho com o uso da imagem técnica pelos artistas plásticos.

No entanto, enquanto seus contemporâneos experimentaram o uso de imagens técnicas combinados com gravura, pintura e escultura, Sonia elegeu a imagem em movimento como suporte exclusivo de seu trabalho.  Em suas performances, ora temos o rosto da artista totalmente deformado por fios de nylon, ora ela se impõe pequenas mutilações, tosando os cabelos do corpo com uma tesoura, ora ainda ela prende a própria mão numa mesa com pregos e fios. São trabalhos de uma auto-violência latente, meio real e meio fictícia, através dos quais a artista discorre sobre os tênues limites entre lucidez e loucura que caracterizam o ato criador.

<b>Mesa-Redonda</b>
 
O CCBB estará promovendo uma mesa-redonda sobre o trabalho da artista, a fim de difundir a obra da artista com a colaboração de estudiosos de sua trajetória. Integram a mesa-redonda o curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro Fernando Cocchiarale e o curador da exposição e diretor do Centro de Arte Hélio Oiticica de Luciano Figueiredo, Marisa Florido e o professor André Parente. A data ainda não está definida.

A exposição ficará em cartaz, até 18 de setembro, no primeiro andar do CCBB (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro). A entrada para amostra é franca. Maiores informações pelo telefone(21) 3808-2020.