‘Cartinha’ criticada por Bolsonaro ruma a 1,2 milhão de signatários

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Publicado sexta-feira, 12 de agosto de 2022 as 16:03, por: CdB

O movimento conseguiu mobilizar diferentes setores da sociedade para manter vigília em torno da democracia e do processo eleitoral. Muitos defensores do golpe de Estado de 2016, que derrubou a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), desta vez participaram de atos pelo Estado de direito.

Por Redação – de São Paulo

Quanto mais o presidente Jair Bolsonaro (PL) ataca a ‘Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito’, mais pessoas assinam o documento. Na manhã desta sexta-feira, dia seguinte à sua leitura em todo o país, por milhares de eleitores, o documento passava a marca de 1 milhão de signatários, rumando para a marca também inédita de 1,2 milhão.

Largo dos Arcos, USP
O Largo dos Arcos, na USP, foi novamente palco de um movimento histórico em defesa da democracia

O movimento conseguiu mobilizar diferentes setores da sociedade para manter vigília em torno da democracia e do processo eleitoral. Muitos defensores do golpe de Estado de 2016, que derrubou a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), desta vez participaram de atos pelo Estado de direito. Entre eles o jurista Miguel Reale, por exemplo, que redigiu a ação contra a mandatária, esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), assim como o historiador Marco Antonio Villa.

E a leitura da Carta ocorreu exatamente no dia em que o documento alcançou 1 milhão de assinaturas às 21h58 da véspera.

— A ‘cartinha’ virou o jogo — disse à Rádio Eldorado o diretor da faculdade, Celso Fernandes Campilongo. “Cartinha” foi como o presidente da República se referiu ao documento referendado por brasileiros de todos os segmentos sociais.

Advertência

Outro ex-aluno das Arcadas (turma de 1969), o ex-ministro do STF Celso de Mello afirmou que o ato de hoje “representou, em sua dimensão política, gesto histórico de inequívoco apoio da cidadania ao regime democrático, de severa advertência ao Presidente Bolsonaro e aos seus epígonos e de veemente repulsa à pretensão liberticida de mentes sombrias e autocráticas!”.

Quanto o ato de hoje começou, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, às 10h05, a Carta somava exatas 928.956 adesões. Dez horas depois, às 20h05, atingia 986.904. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, dava o tom:

— Estamos aqui para defender a democracia, a legislação eleitoral, a Justiça Eleitoral e o sistema eleitoral, com as urnas eletrônicas. Que a vontade do povo brasileiro seja respeitada e seja soberana. Queremos eleições livres e tranquilas, queremos um processo eleitoral sem fake news.

Leitura

O documento foi lido também em outras universidades. No Rio, por exemplo, na Uerj, UFRJ, UFF e PUC. Já na Federal de Pernambuco (UFPE) – precursora com a USP dos cursos jurídicos no Brasil, origem da celebração do 11 de agosto, há 195 anos –, além da leitura, em atividade na Concha Acústica Paulo Freire, houve apresentação da Orquestra Experimental de Frevo.

O ato da leitura no pátio da Faculdade de Direito da USP foi conduzido pela atriz e produtora cultural Roberta Estrela D’alva.

— Esse é o compromisso de mais de 900 mil pessoas que assinaram essa carta, e em breve seremos milhões, afirmando e reafirmando que se, em algum momento, a democracia estiver em risco, nos juntaremos para dizer em alto e bom som que esse país tem memória. Ditadura nunca mais. Tortura nunca mais. Estado de direito sempre! — concluiu.

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