O presidente dos Estados Unidos George W. Bush disse na quinta-feira que as providências quanto as preocupações das tropas do país no Iraque sobre falta de equipamentos estão sendo tomadas e eximiu os soldados de culpa por terem falado do assunto abertamento com o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld.
Rumsfeld ficou sob uma chuva de críticas de soldados, que reclamaram por não ter os equipamentos adequados para ir à guerra. O secretário também prometeu que seriam tomadas mais providências para proteger as tropas.
Desde a invasão do Iraque no ano passado, os críticos do governo Bush acusam a Casa Branca de não conseguir equipar as tropas de maneira adequada para que elas possam estabilizar o país. Segundo os críticos essa falha do governo vem ajudando a insurgência a se desenvolver no país.
As reclamações na linha de combate colocaram a Casa Branca ainda mais na defensiva. Bush rejeitou as acusações do senador democrata John Kerry, adversário derrotado nas eleições de novembro deste ano, de que as forças norte-americanas no Iraque não estão suficientemente protegidas.
“Estão sendo tomadas providências quanto as preocupações expressadas, e isso quer dizer, esperamos que nossas tropas tenham o melhor equipamento possível. E, se eu fosse um soldado que está no exterior querendo defender o meu país, eu faria ao secretário de Defesa as mesmas perguntas”, disse o presidente.
Falando a jornalistas no Salão Oval, Bush disse que vem dizendo aos familiares dos soldados que “estamos fazendo todo o possível para proteger os nossos entes queridos em uma missão vital e importante”.
Em resposta às críticas feitas por soldados na quarta-feira no Kuweit, Rumsfeld também disse que estavam sendo tomadas medidas para lidar com explosivos, a principal causa de morte de soldados norte-americanos no Iraque. Mais de mil soldados já morreram.
Ele afirmou que equipes vêm trabalhando há meses em métodos de proteção a bombas de beira de estrada e explosivos semelhantes. “O exército tem de se adaptar às táticas da insurgência, que exigem novos tipos de equipamentos e abordagens”, acrescentou.
“Não acontece de uma hora para outra, mas está acontecendo bem rápido”, disse ele a repórteres durante uma visita à Índia, no encerramento de uma viagem que incluiu uma parada no Afeganistão para a posse do presidente Hamid Karzai.
Um dos soldados disse a Rumsfeld que as tropas eram obrigados a vasculhar o ferro-velho em busca de material para blindar seus veículos.
“Eu não sei quais são os fatos, mas com certeza alguém vai se sentar com ele e descobrir o que ele sabe e que eles possam não saber, e garantir que ele saiba o que eles sabem. Acho que é uma troca muito construtiva”, disse Rumsfeld sobre o soldado.
Regina Wilson, ex-mulher do soldado que falou do ferro-velho, afirmou não ter se surpreendido com a declaração. “Qualquer um que o conheça sabe que ele nunca diria nada sem que houvesse fatos por trás. É óbvio que ele tem certeza suficiente do assunto para levá-lo a alguém tão alto na escala de comando,” disse ela ao programa “Good Morning America”, da ABC.
Um ex-líder de pelotão no Iraque e fundador de um grupo ativista chamado Operação Verdade disse que as declarações de Rumsfeld no Kuweit são uma mostra de que ele está fora da realidade.
“Ele não compreende a realidade que está diante das tropas”, afirmou Paul Rieckhoff. “Só fica dando desculpas. Não queremos desculpas, queremos soluções”, acrescentou.
Os apresentadores dos programas noturnos se aproveitaram do tema. Jay Leno, por exemplo, repetiu os comentários de Rumsfeld de que a blindagem nem sempre é suficiente para dar proteção, e concluiu: “Aí ele entrou no seu carro blindado e foi embora”, para as gargalhadas do público.
O Exército já admitiu dificuldade em fornecer o número adequado do veículo blindado Humvee, que, sem uma blindagem especial, é especialmente vulnerável a ataques de insurgentes.
Na região do Comando Central que inclui o Iraque, o Afegan