Bush é acusado de ignorar desafio do meio ambiente

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Publicado segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004 as 14:14, por: CdB

O hispanista Geoffrey Parker, professor da Universidade de Ohio (EUA), acusou nesta segunda-feira o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de ser “muito otimista” ao ignorar o “desafio imediato” que os problemas relacionados ao meio ambiente representam à humanidade. “O problema mais grave agora não é nem o Iraque, nem o Afeganistão, nem o terrorismo, mas a superpopulação, a falta de água e a emissão de carbono” à atmosfera, disse Parker aos jornalistas, depois de fazer, na Universidade da cidade espanhola de Valladolid, a conferência inaugural da Cátedra de Estudos Hispânicos, que dirigirá até 2005.

Este historiador, uma das principais autoridades dos séculos XVI e XVII, explicou que Bush “está convencido de que não há crise e renuncia ao Protocolo de Kioto, que não é a perfeição mas é melhor que nada”, por isso se mostrou “bastante pessimista” sobre o regulamento de emissões de gases e de água. Para este pesquisador, especializado na figura do rei espanhol Felipe II, os conflitos ambientais “são muito mais sérios que os políticos” por se tratar de assuntos “estratégicos”, enquanto os segundos são “táticos”.

O desalento de Parker, de origem britânica, radica na “falta de evidências” de que as principais potências do mundo assumam o que considerou “um desafio imediato”. Ele lembrou que uma das obrigações dos historiadores é relacionar os problemas de ontem aos de hoje e vice-versa. Parker fez em Valladolid a primeira das quatro conferências nas quais estruturou sua teoria sobre a crise mundial do século XVII.

Na descrição política, social e econômica dessas conferências, será acompanhado por quatro historiadores, que discursarão até a próxima sexta-feira junto ao titular da Cátedra de Estudos Hispânicos, criada com o mecenato de Antonino Fernández e sua esposa, Eusicinia González, empresário mexicano vinculado ao Grupo Modelo, que comercializa a cerveja Coronita.

Geoffrey Parker atribuiu a crise mundial do século XVII a uma atmosfera adversa baseada em um “esfriamento global” que trouxe como conseqüência dois “biênios negros” (1640-1642 e 1645-1647) e que atingiu principalmente o hemisfério norte, com o resultado de colheitas ruins, fome, doenças e aumento de impostos. Estas circunstâncias, unidas às freqüentes guerras, motivaram “uma maior pressão fiscal, política e religiosa” sobre uma população castigada pela fome e pelas doenças (varíola, tifo, sarampo e peste bibônica), o que derivou em uma redução da natalidade, um aumento da mortalidade e grandes migrações.

Ele acrescentou que outras conseqüências foram o surgimento de novas ideologias políticas radicais e a “explosão da criatividade”.