Brasileiros fazem desagravo a Dilma, que promete não se abater com baixarias

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Publicado sexta-feira, 13 de junho de 2014 as 15:16, por: CdB
Dilma, vaiada nas tribunas especiais do Itaquerão, rebateu a falta de cortesia e de educação dos torcedores diferenciados
Dilma, vaiada nas tribunas especiais do Itaquerão, rebateu a falta de cortesia e de educação dos torcedores diferenciados

Um dia depois de ser vaiada por torcedores nas arquibancadas especiais na Arena Corinthians, em São Paulo, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, a presidenta Dilma Rousseff respondeu nesta sexta-feira que “não irá deixar se perturbar, atemorizar, por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e famílias”. As declarações foram feitas em discurso realizado no final da manhã em Brasília, onde a presidente inaugurou a primeira etapa do BRT Expresso DF Eixo Sul.

Dilma lembrou, em sua fala, as dificuldades que viveu na época da ditadura no Brasil, quando foi presa política, e ressaltou que nada disso a tirou de seu rumo.

– Na minha vida pessoal, quero lembrar que enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Suportei, não foram agressões verbais, foram físicas. Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do meu rumo. Nada me tirou dos meus compromissos, nem do caminho que tracei para mim mesma. Não serão xingamentos que vão me intimidar, atemorizar. Não me abaterei por isso, não me abato e nem me abaterei – afirmou.

As vaias, que partiram da área VIP do Itaquerão. A presidenta declarou ainda que os xingamentos não representam o que o povo brasileiro pensa.

– O povo brasileiro não age assim e não pensa assim. Sobretudo, o povo não sente da forma como esses xingamentos expressam – disse.

E fez uma provocação aos agressores verbais: “O povo brasileiro é civilizado e extremamente generoso e educado. Podem contar que isso não me enfraquece. Podem contar”. Dilma voltou a dizer que não vai se “deixar perturbar por agressões verbais”.

Antes de rebater as críticas, a presidenta agradeceu a todos os brasileiros, trabalhadores, empresários, engenheiros, donas de casa, técnicos, servidores públicos e profissionais das mais diferentes áreas que transformaram esse sonho nas 12 cidades-sede em realidade.

– A Copa é um momento de afirmação. Nós demonstramos (na véspera) que conseguimos superar todos os obstáculos para realizar a Copa – afirmou Dilma Rousseff, lembrando que Brasília tem um dos estádios mais bonitos do país.

Defesa contudente

Em seu blog, nesta sexta-feira, o comentarista esportivo Juca Kfouri, assim como outros jornalistas e blogueiros de todo o país, saiu em defesa da presidenta Dilma Rousseff. Segundo afirmou, “ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2007, num momento em que o país bombava e tudo dava certo, o ex-presidente Lula não calculou que sete anos depois as coisas poderiam estar diferentes. Mais: não se ligou que Copas do Mundo não são para o povão, mas apenas para quem pode pagar caro por um ingresso nos novos estádios erguidos a peso de ouro para recebê-las. Eis que a bomba explodiu no colo de sua sucessora, pouco familiarizada com a mal vista cartolagem do futebol”.

“Se Dilma Rousseff soube guardar profilática distância de Ricardo Teixeira e, agora, de José Maria Marin (ninguém o viu perto dela ontem) , nem por isso ela evitou a hostilidade da torcida endinheirada que esteve na Arena Corinthians. Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático. Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo. Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro” acrescentou.

Ainda segundo Kfouri, “a elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa. Que os próximos governantes aprendam a lição”.

Os jornalistas José Trajano e Arnaldo Ribeiro, durante o programa ‘Linha de Passe na Copa’, no canal de TV ESPN, também demonstraram-se indignados com a atitude de certos torcedores, presentes na partida de abertura da Copa do Mundo entre Brasil e Croácia. Para eles, o que se encontrou nas arquibancadas foi uma ‘torcida elitizada e grosseira’.