Brasileira chefiava rede de prostituição na França

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 25 de março de 2005 as 17:08, por: CdB

Uma rede de prostituição comandada por uma brasileira de São Luís (MA) foi desmantelada na capital francesa.

A rede, liderada por Ronizie Serpa Martins, oferecia os serviços de oito prostitutas brasileiras. O grupo atuava havia pelo menos cerca de dois anos em Paris e em uma cidade da periferia.

Segundo Guy Parent, chefe de uma divisão de combate à prostituição da Prefeitura de Polícia de Paris (equivalente à uma secretaria municipal de segurança), oito pessoas foram detidas no total.
Parent disse à BBC Brasil que, além de Martins, foram presos outros quatro brasileiros, dois franceses (o marido de Martins e o criador de sites na internet usados para atrair os clientes) e um angolano, responsável por aplicar o dinheiro obtido com a prostituição.

A Justiça francesa deverá decidir em breve se os acusados aguardarão em liberdade ou não o julgamento, que deverá ocorrer no próximo ano.

Na avaliação de Parent, Martins deverá permanecer na prisão.

– Ela (Martins) se ocupava de tudo. Organizava a vinda das prostitutas para a França, a moradia e toda a gestão do dia-a-dia delas no país. Ela era a cabeça da organização e dispunha de uma infra-estrutura importante para administrar a atividade – disse Parent.

– Até mesmo a pessoa encarregada de atender os telefonemas dos clientes para marcar os encontros tinha uma assistente.

As oito prostitutas que no momento trabalhavam para o grupo têm idades que vão de cerca de 20 até 40 anos.

Elas são também de localidades distintas: São Luís, Recife, Anápolis, Rio Negro, Pantalina, Barra do Corda, Itapirapuá, Avelinópolis.

As mulheres contratadas por Ronizie Martins permaneciam na França somente durante três meses, prazo legal concedido a turistas em geral, sem necessidade de visto.

Após esse período, elas retornavam ao Brasil, e outras as substituíam, afirmou Parent. Nenhuma delas é, portanto, clandestina.

Todas foram liberadas após interrogatório. Mas foi detida uma outra prostituta brasileira, que fazia parte da rede e ganhava dinheiro com as atividades das outras mulheres.

As prostitutas ganhavam entre 160 (R$ 567) e 360 euros (R$ 1.276) por serviço e chegavam a ter cinco clientes por dia.

– Apreendemos 90 mil euros (R$ 319 mil) em dinheiro durante a operação de busca e apreensão no domicílio de Ronizie e nos locais onde as moças se prostituíam. Descobrimos também que pelo menos 40 mil euros (R$ 142 mil) foram enviados ao Brasil e à Espanha – disse Parent.

Elas se prostituíam em três apartamentos diferentes. Dois ficavam em Paris, e um, na periferia da capital.

Cerca de dez sites na internet foram criados para anunciar as mulheres. Os clientes telefonavam para um número divulgado no site e marcavam os encontros nos apartamentos.

Telefonemas de vizinhos, que achavam “estranho” o vai-e-vem nesses apartamentos, por onde circulavam “várias moças bonitas” o dia todo, colocaram a polícia na pista da rede de prostitutas, disse Parent.

A rede foi desmantelada na terça-feira. Nesses últimos dias, a polícia realizou interrogatórios, operações de busca e apreensão, analisou os computadores de Martins, fez confrontações entre os acusados e ouviu depoimentos das prostitutas.

Os acusados foram indiciados por “lenocínio com agravante”, já que foi constatada a atuação de inúmeras pessoas.

A maranhense, como líder da rede, está sujeita à pena mais grave: até dez anos de prisão e multa de 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 5,5 milhões), afirmou Parent.

Ela vem sendo chamada pelos policiais de “Madame Claude”, uma referência a outra mulher que criou há alguns anos uma grande rede de prostituição em Paris na qual trabalhavam 200 prostitutas.

– É um jargão da polícia quando temos uma mulher na chefia de uma rede desse tipo – disse Parent.