Brasil pode ter recorde em exportação de açúcar

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Publicado quarta-feira, 11 de agosto de 2004 as 11:45, por: CdB

Produtores de cana-de-açúcar brasileiros estão aproveitando o clima mais seco para acelerar a colheita e tentar recuperar o causado pelas chuvas, que reduziram os rendimentos da cana. Mesmo assim, a exportação de açúcar poderá ser recorde na safra 04/05.

Alguns analistas estimam que até 10 milhões de toneladas de cana de uma safra recorde estimada em 320 milhões de toneladas no centro-sul deverão ficar nos campos, sem serem colhidas, caso haja muitas chuvas em novembro e dezembro, período que marca o fim da colheita.

No entando, as exportações de açúcar do centro-sul, que produz 85 por cento do açúcar brasileiro, poderão crescer para o recorde de 15 milhões de toneladas em 2004/05 ante 11,5 milhões no ano passado, devido aos preços atrativos e à boa demanda.

– Já choveu bastante e as pessoas estão citando o retorno do El Niño – afirmou Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.

O El Niño normalmente provoca o aumento das chuvas no centro-sul do Brasil e a redução das precipitações no Norte e Nordeste. Um analista de Londres, que preferiu não ser identificado, disse que acreditava que os brasileiros conseguiriam recuperar o tempo perdido na moagem da cana após os atrasos causados pelas chuvas, já que preços estavam atrativos, mas ele disse que os rendimentos poderiam cair.

– É perfeitamente possível que de 315 a 320 milhões de toneladas de cana sejam moídas – ele disse. – Com os preços do açúcar acima dos custos de produção, há um grande incentivo para aumentar a moagem. Se você deixar a cana no campo, está deixando dinheiro lá.

Meteorologistas disseram que chuvas em Ribeirão Preto foram mais do que o dobro da média de abril/maio e 70% acima do nível normal em julho. Nastari notou que o Paraná, segundo maior Estado produtor de cana do país, recebeu 175% a mais de chuva do que a média registrada em maio e 104% a mais do que em julho.

Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, disse que um clima mais seco estava previsto para as próximas semanas em São Paulo e Paraná.
Traders e analisas afirmaram ainda que já estava claro que os rendimentos industriais da moagem da cana para produção de açúcar e álcool serão menores do que o nível recorde do ano passado.

– O principal impacto será sobre o álcool porque seu preço é menos atrativo do que o do açúcar – acrescentou Nastari, estimando que 54% da cana colhida irá para produção de açúcar, ante 49% no ano passado.