Brasil anuncia pesquisa de célula-tronco com 1.200 pacientes

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Publicado quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005 as 21:00, por: CdB

O Brasil anunciou a realização de um estudo com células-tronco para tratar doenças cardíacas, que envolverá cerca de 40 instituições médicas e 1.200 pacientes.

Vão integrar a pesquisa pacientes que sofreram enfarte agudo do miocárdio, doença isquêmica crônica do coração, cardiomiopatia dilatada e cardiopatia chagásica.

O anúncio do estudo foi feito na tarde desta quarta-feira pelo ministro da Saúde, Humberto Costa, no Rio de Janeiro. O governo prevê o uso de 13 milhões de reais para o chamado Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias.

– Essa pesquisa coloca o Brasil na vanguarda de pesquisas de células-tronco sobre cardiopatias – disse o ministro da Saúde, Humberto Costa – Nós acreditamos que a população vai ser beneficiada, já que o novo método é menos invasivo e mais barato, gerando mais recursos para outras áreas da saúde – acrescentou.

O objetivo da pesquisa é substituir tratamentos cardíacos tradicionais — que incluem cirurgias, medicamentos e até transplantes — pela terapia com células-tronco, que são aquelas com a capacidade de dar origem a outros tecidos e órgãos.

Segundo o ministro, o governo decidiu investir nesse tipo de terapia porque a técnica vem apontando resultados promissores no mundo todo e oferece um tratamento menos invasivo, com uma cirurgia mais simples e com menos tempo de internação.

Durante os estudos, que vão durar três anos, metade dos pacientes receberá o tratamento tradicional. Os outros pacientes serão submetidos à terapia celular.

– O objetivo é mostrar a eficiência da técnica, algo que vem sendo comprovado em pesquisas isoladas no Brasil, para adotá-la como tratamento se os resultados forem positivos –  informou o ministério em comunicado.

No país, duas instituições já realizam pesquisas nessa área, o Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro e o Instituto do Coração (InCor) da Universidade de São Paulo (USP).

Se confirmada a eficácia da terapia, o governo deve adotar o tratamento em toda a rede de hospitais do SUS. “Este é, sem dúvida, o maior estudo já realizado com terapia celular para problemas cardíacos feito no mundo. E nos dará todo um conhecimento, know-how, para quem sabe, num espaço de tempo não muito longo, adotar a própria realização da terapia no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou.

O estudo será coordenado pelo Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras (INCL), e participam como “centros-âncoras” o InCor (Instituto do Coração), o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em colaboração com o Hospital Pró-Cardíaco e o Hospital Santa Isabel em colaboração com o Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz (BA), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).