Bolivianos voltam a protestar em La Paz

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado terça-feira, 14 de junho de 2005 as 21:44, por: CdB

Comerciantes, camponeses e estudantes da cidade boliviana de El Alto voltaram a protestar em La Paz nesta terça-feira, para pedir a nacionalização dos hidrocarbonetos do país.

Divididos em diversos grupos, cerca de 3 mil manifestantes de El Alto chegaram ao centro de La Paz. Com gritos, eles voltaram a quebrar a tranqüilidade conseguida nos últimos dias na cidade.

Além da nacionalização do gás e do petróleo, os manifestantes ameaçaram fechar novamente o Congresso, por corrupção e negligência dos deputados.

No último sábado, a pedido do novo presidente, Eduardo Rodríguez, as organizações populares de El Alto, vizinha a La Paz, declararam uma trégua na greve e nos bloqueios de estradas e ruas. Enquanto isso, as exigências desses grupos, entre elas a convocação de uma Assembléia Constituinte, estão sendo discutidas em comissões mistas.

O protesto de hoje não ameaçou a praça Murillo, onde ficam as sedes do Executivo e do Congresso. No entanto, dezenas de policiais fecharam as passagens para o local e permaneceram em alerta diante dos manifestantes.

Também não foram usadas as pequenas cargas de dinamite freqüentes nos protestos sindicais e que assustam os pedestres.

Quase simultaneamente, o presidente do Congresso, Hormando Vaca Díez, se reuniu com os líderes da Central Operária Regional (COR), com a Federação de Associações de Moradores e com a Federação de Trabalhadores Gremiais (comerciantes), as três principais organizações de El Alto.

Em entrevista coletiva, Vaca Díez disse que teve uma troca de idéias “muito positiva” com os dirigentes sindicais, a quem explicou os procedimentos legais que devem ser seguidos para a modificação da legislação local.

Segundo Vaca Díez, a prioridade no Congresso é a busca por um consenso entre as diferentes forças políticas, numa tentativa de encontrar a saída eleitoral sugerida para renovar todas as principais autoridades do país, como pedem os setores sociais.

De acordo com Vaca Díez, na próxima quinta-feira o Congresso se reunirá para aprovar a convocação de sessões extraordinárias, nas quais será debatida a provável modificação da Constituição, para permitir a realização de eleições para presidente, vice-presidente, senadores e deputados para um novo mandato.

O secretário-executivo da COR, Edgar Patana, declarou que foram expostas ao presidente do Legislativo “as razões do movimento” que manteve a cidade, sede do Governo, sitiada durante quase um mês.

“Dissemos que nossa posição é a nacionalização (do gás) e a convocação de eleições gerais, questões que pedimos que sejam postas na agenda” de discussão do Legislativo.

Segundo Patana, os protestos continuarão porque “a trégua é mobilizada. Ainda estamos em emergência e em constante vigília” para que o Executivo e o Congresso escutem as exigências dos habitantes de El Alto.

Enquanto isso, o novo presidente realiza intensas consultas para a designação dos ministros que formarão seu gabinete.

Até agora, o Ministério da presidência é o único que tem um titular garantido, o jornalista Iván Avilés, colaborador próximo ao governante quando este era presidente da Corte Suprema de Justiça.