Bolívia em festa após estatizar reservas petrolíferas do país

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Publicado terça-feira, 2 de maio de 2006 as 10:26, por: CdB

A Bolívia é uma festa só. O anúncio da nacionalização do petróleo boliviano foi bem-recebida pela população e o presidente Evo Morales prepara novos decretos de estatização de empresas estrangeiras que operam em território boliviano. Morales foi aclamado pelo povo ao discursar no palácio do governo na noite de segunda-feira e, na manhã desta terça, populares ainda se mantinham firmes em frente ao palácio do governo, em La Paz..

Evo avisara, desde a sua posse, há 100 dias, que iria nacionalizar os recursos naturais da Bolívia, que vinham “sendo saqueados pelas empresas estrangeiras”, como afirmou. A assinatura do decreto foi cercada de simbolismos, como o dia em que aconteceu – o Dia do Trabalho -, o local – a refinaria da Petrobrás, a companhia que mais investe no país -, e o discurso durante o qual ele usou um capacete. O discurso do presidente boliviano deixou claro que ainda há mais mudanças e nacionalizações a serem anunciadas. Segundo analistas, o conjunto de medidas é um grande jogo de cena para conquistar votos para o governo na próxima eleição, de 2 de julho.

No Brasil, a decisão do líder indígena e socialista Evo Morales foi mal recebida pela mídia. As grandes cadeias de rádio, TV e jornais apressou-se a ouvir analistas que prevêem desde graves problemas de desabastecimento até a falta de energia elétrica no país. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielle, mais cauteloso, descartou a possibilidade imediata de racionamento e garantiu que a empresa irá defender os seus direitos junto ao governo boliviano. Já o senador petista, Aloizio Mercadante (SP), disse que a crise é mais grave para a Bolívia do que para o Brasil.

– Não podemos perder de vista que o participação da Petrobras no Produto Interno da Bolívia (PIB) é de 15% – lembrou.

Na manhã desta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de uma reunião de coordenação política com assessores. Entre os assuntos em debate estiveram as conseqüências para o Brasil do decreto assinado pelo presidente da Bolívia. No mesmo encontro – com a presença prevista dos ministros de Minas e Energia, Silas Rondeau, e do interino das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, além do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli – foram discutidas as medidas que o governo brasileiro adotará sobre o assunto.

A Petrobras é uma das estatais estrangeiras atingidas pela decisão do governo boliviano. Entre 1997 e 2000, construiu o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) para o escoamento do gás natural importado do país vizinho. A estatal brasileira, segundo informações da própria Petrobras, é responsável por 20% dos investimentos diretos e por 18% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia.