Avalanche de marcas acirra disputa na indústria celular em 2005

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Publicado quarta-feira, 27 de outubro de 2004 as 22:10, por: CdB

A demanda por celulares no Brasil tornou-se tão explosiva que o mercado recebeu este ano uma dezena de novos fornecedores. A competição derrubou preços de aparelhos e vai ser ainda mais acirrada em 2005, dizem executivos da indústria.

Ainda assim, as gigantes do setor, como a finlandesa Nokia, abrem turno extra e investem para aumentar a produção.

O Brasil recebeu este ano mais 10 marcas de celulares, nas contas de um executivo: Kyocera, Aiko, Venko, Sendo, Panasonic, Pantech, ZTE, Gradiente, Vitelcom e Sagen.

Elas vieram atraídas pela forte demanda local –crescimento de 42 % nos últimos 12 meses– e na expectativa de que se repetisse este ano a falta de aparelhos que houve no Natal de 2003.

– Este ano isso não acontecerá – o vice-presidente da Nokia Mobile, Cláudio Raupp a jornalistas nesta quarta-feira durante o evento de telecomunicações Futurecom. A oferta é tanta que os fornecedores se viram forçados a ceder mais na negociação com as operadoras. Executivos avaliam que o próximo ano deve ser ainda mais desafiador para a indústria.

– Os novos fornecedores estarão a 100 por cento da capacidade no primeiro trimestre, que vai ser mais competitivo – disse Raupp.

Na avaliação do vice-presidente da Motorola, Enrique Ussher, “o mercado do Brasil foi a bola da vez este ano”. A fabricante norte-americana, que disputa o primeiro lugar no país, fez 300 contratações este ano e investiu 11 milhões de dólares na expansão da fábrica em Jaguariúna, interior de São Paulo. E não descarta nova expansão em 2005.

– Acho que o consumidor vai ganhar – afirmou ele à Reuters nesta quarta-feira. Na avaliação dele, a diferença de preços para aparelhos simples (low-end) entre uma marca famosa e outra desconhecida é de cerca de 8 por cento.

A queda nos preços nesses modelos teria chegado aos 40 por cento nos últimos dois anos, segundo um executivo que não quis ser identificado.

A líder Nokia aposta no reconhecimento da marca, na qualidade do produto, na assistência técnica e na logística de distribuição. Com essa fé, a empresa criou um turno extra na fábrica de Manaus (AM), contratando 1.100 pessoas ao longo deste semestre, além de outros 1.000 que teriam sido empregados pela rede de 29 parceiros que tem na região.

– Antes havia barreiras de entrada na indústria, como investimentos em pesquisa e desenvolvimento, escala de produção e a fabricação em si. Hoje, compram-se projetos e se terceiriza a produção – afirmou Raupp. – A barreira de entrada caiu, mas a de sobrevivência aumentou – defendeu.

Também instalada na Zona Franca de Manaus, a alemã Siemens passou a produzir celulares no Brasil com a adoção da tecnologia européia GSM há menos de 3 anos. Hoje, após duas expansões da fábrica e contratação de 100 funcionários este ano, considera que tem capacidade compatível com a posição de terceira maior do país.

Para o vice-presidente da Siemens Mobile, Humberto Cagno, o mercado continuará muito aquecido em 2005, podendo acrescentar 10 milhões de novos assinantes sobre os 64 milhões de usuários que ele prevê que o Brasil terá ao final do ano. Em setembro, havia pouco mais de 58 milhões de celulares em funcionamento no país.

– O desafio dos novos entrantes é produzir projeto de qualidade – disse Cagno à Reuters.