Autoridades norte-americanas prendem contrabandistas de mísseis

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Publicado quarta-feira, 13 de agosto de 2003 as 01:24, por: CdB

As autoridades norte-americanas confirmaram na última terça-feira a detenção de três pessoas relacionadas com uma suposta conspiração para introduzir, ilegalmente no país, um míssil terra-ar.

Fontes do Escritório Federal de Pesquisas (FBI) informaram que um homem de nacionalidade britânica e de origem indiana foi detido nas cercanias do aeroporto de Newark (Nova Jérsei) quando tentou vender a arma para um agente federal que se apresentou como um extremista muçulmano.

O homem disse que era um traficante independente de armas que tinha vendido seu produto para a organização terrorista Al-Qaeda.

O governo dos Estados Unidos vinculou, diretamente, a Al Qaeda com os atentados do 11 de setembro de 2001, que causaram a morte de mais de 3.000 pessoas em Nova York, Washington e Pensilvânia.

As fontes informaram que, ao mesmo tempo, outros dois homens de origem afegã foram detidos na Quinta Avenida de Manhattan quando realizavam uma operação aparentemente vinculada a lavagem do dinheiro obtido com a venda de armas.

Acrescentaram que estas detenções são o resultado de uma investigação que durou cinco meses e na qual participaram as autoridades dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia.

Fontes do FBI disseram que, aparentemente, não existe nenhuma vinculação entre os três homens, que não foram identificados, e algum grupo terrorista. Além disso, acrescentaram que não houve nenhuma ameaça vinculada a operação de contrabando do míssil, de fabricação russa.

A operação, na qual participaram agentes russos e britânicos, começou há vários meses, em São Petersburgo e em Moscou, quando agentes russos entregaram um míssil ao homem após avisar as autoridades dos Estados Unidos. O míssil desativado era um SA-18 do tipo que se dispara de um lançador de ombro e é capaz de derrubar um avião em vôo.

Uma vez informadas as autoridades americanas, o míssil foi embarcado para os EUA onde deveria ser vendido pelo traficante de armas por um preço calculado em torno de US$ 100 mil. Segundo disse Brian Jenkins, um especialista em antiterrorismo, cada um desses mísseis pesa entre 15 e 17 quilos, é portátil e fácil de usar.

As autoridades americanas calculam que no mundo há cerca de 750.000 desses projéteis, que podem ser comprados no mercado negro de armas.
 
– Estes mísseis são efetivos a milhares de metros de altura e podem ser efetivos a vários quilômetros da aterrissagem ou o decolagem de um avião – disse o especialista David Ochmanek.

A preocupação sobre o uso terrorista desse tipo de projéteis aumentou no ano passado quando dois deles foram disparados, sem êxito, contra um avião israelense de passageiros que decolou de um aeroporto de Mombaça, no Quênia.
 
O Departamento de Segurança Nacional, criado depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, pediu às companhias dos Estados Unidos que em dois anos desenvolvam uma tecnologia capaz de proteger os aviões comerciais desse tipo de projéteis.

No entanto, alguns legisladores criticaram o prazo estabelecido para criar esse tipo de defesa.
 
– O Departamento de Segurança Nacional está ante o perigo de que um avião de passageiros seja derrubado por um destes mísseis – disse, recentemente, o senador democrata Charles Schumer.

Acrescentou que o fato do Departamento levar dois anos, pelo menos, no desenvolvimento de um protótipo de defesa contra mísseis para proteger os aviões comerciais é perigoso.
 
Schumer deu seu respaldo a um projeto apresentado pela senadora Barbara Boxer que supõe instalar um sistema de defesa antimísseis em cerca de 6.800 aviões comerciais. O custo do projeto é em torno de US$ 10 bilhões.