Aumento do salário mínimo injeta crescimento da economia

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Publicado segunda-feira, 11 de abril de 2005 as 10:16, por: CdB

A indústria de alimentos estima que o novo salário mínimo que passa a vigorar a partir de 1º de maio – R$ 300 – deverá injetar na economia mais de R$ 5 bilhões, até o fim do ano. Para o diretor de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), Denis Ribeiro, deste total, um terço deve ser direcionado para o consumo de alimentos. Assim, a indústria espera aumentar as vendas em até 2% neste ano.

O salário mínimo maior, além de um efeito direto de aumento da renda, estimulará uma série de impactos indiretos, que vão desde o crescimento do consumo de bens de primeira necessidade até o aumento do índice de bancarização. Também não podem ser descartados efeitos ambíguos, como o maior dinamismo econômico de pequenas cidades.

O aumento do salário mínimo, a partir do próximo mês representa um reajuste de 15,38%, ou um ganho real da ordem de 8% (acima da inflação). O último aumento do salário mínimo ocorreu em abril do ano passado, quando seu valor passou de R$ 240 para R$ 260. Segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE), 94% do salário dos brasileiros são gastos com o consumo de produtos básicos.

Segundo Ribeiro, apesar de positivo, o anúncio antecipado do aumento do mínimo, associado a uma série de pressões de custo – desde as quebras de safra que levaram à alta do trigo e de outros grãos até o preço das embalagens -, promoveram alguma inflação que corroeu parte deste aumento. O governo estabeleceu, ainda no fim do ano passado, o aumento de R$ 300 do mínimo.

Contudo, na avaliação de Bráulio Borges, da consultoria LCA, o impacto direto do aumento sobre a inflação é praticamente nulo, uma vez que a maior parte desses novos recursos será destinada à aquisição de bens de salário (alimentos e roupas), que para ele não apresentam deficiência de oferta.

Denis Ribeiro, espera que o efeito do aumento do salário mínimo de 1º de maio sobre a venda de alimentos a partir só apresentará resultados a partir de junho.

– Os orçamentos das classes de renda mais baixa contarão com uma liberação extra. Como 45% da população economicamente ativa ganham até três salários mínimos no Brasil, o impacto será significativo – disse Ribeiro.

O economista do Dieese considera pequeno, no entanto, o reajuste divulgado pelo governo. Ele lembra que o poder de compra do mínimo continua muito baixo, uma vez que o volume de recursos injetado na economia por este aumento tem impacto muito menor do que o provocado pelo pagamento do 13º salário no último mês de dezembro. Soares lembra que o salário mínimo que passou a vigorar em julho de 1940, de 240 mil réis, valeria hoje R$ 902. E diz ainda que, na segunda metade da década de 50 até 1961, chegou a apresentar poder de compra maior que o mínimo original.