Atentado suicida mata 60 em região curda do Iraque

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Publicado quarta-feira, 4 de maio de 2005 as 20:50, por: CdB

Um agressor suicida detonou uma bomba no escritório de um partido curdo do norte do Iraque, na quarta-feira, matando, segundo as Forças Armadas dos EUA, cerca de 60 pessoas, uma semana depois de um novo governo iraquiano ter sido formado prometendo acabar com a instabilidade no país.

Em Bagdá, insurgentes continuaram com a campanha de detonar carros-bomba iniciada depois da formação do novo gabinete de governo, realizando um ataque no qual foram mortos nove membros da Guarda Nacional e que deixou 20 pessoas feridas, afirmou a polícia.

Agentes de segurança e testemunhas contaram que um grande número de pessoas estava reunida do lado de fora do escritório do Partido Democrático do Curdistão (KDP, na sigla em inglês), em Arbil, quando o homem-bomba atacou.

Os militares norte-americanos disseram que 150 pessoas ficaram feridas. O local servia também como um centro de recrutamento de policiais.

Esse foi o ataque mais violento já realizado no país desde 28 de fevereiro, quando um carro-bomba com um motorista suicida matou 125 pessoas em uma cidade localizada ao sul de Bagdá.

“Estava esperando na fila para me registrar como candidato a integrante das forças policiais. Tudo que consigo lembrar é que uma grande explosão aconteceu atrás de mim e me levantou no ar”, afirmou Abdul-Razaq Sarmab, 17, no leito hospitalar em que recebia tratamento.

“O lugar ficou parecendo um matadouro. Havia partes de corpos em todos os lugares — cabeças, mãos, olhos. Foi terrível. Os que estão fazendo isso são animais porque isso é contrário ao Islã.”

Jamal Abdel Hamid, ministro da Saúde para o governo da região curda do Iraque, disse antes da divulgação do comunicado norte-americano que 46 pessoas tinham sido mortas e 70 tinham ficado feridas na explosão.

O grupo militante Exército de Ansar Al Sunna afirmou ser o responsável pelo atentado, segundo uma declaração divulgada em um site da Internet. O Departamento de Estado dos EUA acusa esse grupo de possuir ligações com a Al Qaeda.

O ataque aconteceu um dia depois de um novo gabinete de governo ter tomado posse no país e três meses após as eleições gerais realizadas em janeiro.

Os políticos iraquianos, que discutiram por meses antes de chegar a um acordo sobre a composição do governo, acusam os insurgentes de tentar detonar uma guerra civil. Os atentados, dizem, teriam por objetivo provocar conflitos entre os diferentes grupos religiosos e étnicos do país.

O norte do Iraque, predominantemente curdo, vivia relativamente livre dos atentados suicidas e tiroteios que se espalham por todo o país. O KDP é um dos partidos da coalizão curda que ficou com a segunda colocação nas eleições de 30 de janeiro.

Os insurgentes têm intensificado os ataques desde o anúncio do primeiro governo iraquiano democraticamente na semana passada. Desde então, carros-bomba e outros tipos de atentado já mataram cerca de 200 pessoas.

“Um grande número de pacientes estão sofrendo com queimaduras e ferimentos causados por estilhaços. Pedestres que passavam no local também foram feridos. Estamos cuidando de uma criança de 10 anos de idade”, disse um médico no hospital Al Jumhouri, um dos três centros médicos que eram inundados por vítimas do ataque.