Arafat pede ajuda ao mundo para sair do isolamento

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Publicado quinta-feira, 18 de abril de 2002 as 01:58, por: CdB

Mal o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, encerrou sua missão ao Oriente Médio sem conseguir um acordo de cessar-fogo, o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, fez, nesta quarta-feira, um apelo ao mundo para que ajude a acabar com seu isolamento em Ramallah.

O dia foi marcado pela incursão de tanques israelenses em um bairro palestino de Jerusalém e outras cidades autônomas.

As forças de Israel também se retiraram parcialmente de Jenin, cenário dos piores confrontos na Cisjordânia. Antes de saírem, abriram fogo contra casas e avisaram moradores que vasculhavam destroços de suas residências que o toque de recolher permanecia em vigor.

Powell disse que obteve ao menos uma promessa do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de retirar suas tropas “em breve” da maioria das áreas ocupadas desde o final de março. Para Arafat, isso não bastou. Cercado por soldados israelenses, que acompanhavam seus passos a partir de um prédio vizinho, o líder palestino fez um apelo em seu escritório.

Arafat queixou-se de que sequer pôde acompanhar Powell até o carro do secretário norte-americano, estacionado em frente ao seu QG em Ramallah. “Eu tenho que pedir ao governo Bush, à comunidade internacional. Será que é aceitável que eu não possa sequer chegar à porta?”, indagou Arafat, alertando que seu isolamento poderá abalar a estabilidade no Oriente Médio.

Arafat está retido em Ramallah desde dezembro. Sua movimentação foi ainda mais restringida em 29 de março, quando Israel iniciou a atual ofensiva em resposta aos atentados que marcaram a Páscoa judaica e invadiu seu QG.

Para Mohammed Dahlan, chefe da segurança palestina na Faixa de Gaza, a reunião com Powell foi infrutífera. “Está claro que os norte-americanos legitimaram o estilo agressivo do governo israelense”, alegou. “Eles não conseguiram nem obrigar Israel a retirar seus tanques da frente do escritório de Arafat”.

No norte da Cisjordânia, enquanto isso, o Exército israelense realizou buscas em casas e deteve suspeitos nos vilarejos de Silat a-Hartia, e Balla. Pela manhã, as forças israelenses isolaram o bairro palestino de Issawiyah, em Jerusalém, e retiraram moradores de suas residências.

Civis palestinos denunciaram que os homens eram levados para um posto de gasolina e as mulheres e as crianças, para uma escola. A polícia israelense impôs um toque de recolher de quase 18 horas – uma ação raramente adotada dentro dos limites de Jerusalém.

Em Belém, o impasse que se estende há 16 dias na Igreja da Natividade parece longe do fim. O prefeito Hana Nasser revelou que pediria a intervenção do papa João Paulo II para solucionar a crise. O Vaticano não comentou o assunto.