A divisão interna do PT sobre a sucessão da deputado João Paulo Cunha (PT-SP) continua sem solução mesmo com a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que tem apoio de deputados da base aliada para lançar seu nome à presidência da Câmara, manteve sua posição de defesa da candidatura independente, apesar da bancada petista ter decidido indicar oficialmente o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
– Eu fui levar ao presidente minhas apreensões em relação ao processo. Falei sobre a pesquisa, sobre os apelos dos partidos. E o presidente me ouviu – disse Virgílio a jornalistas nesta quinta-feira. O deputado mineiro encontrou-se com Lula na quarta-feira, mas preferiu não revelar os comentários do presidente sobre a sucessão na Câmara.
A possibilidade de Virgílio lançar sua candidatura avulsa tem ganhado cada vez mais força na Câmara com o apoio de aliados que integram o grupo autodenominado “Câmara Forte”, encabeçado por deputados do PL e PTB.
Para demonstrar ao governo que a candidatura de Virgílio é a única viável, foi encomendada ao instituto Sensus uma pesquisa de intenções de voto. Além disso, o grupo afirma ter a adesão de mais de 280 deputados.
O deputado mineiro demonstra estar mais convencido da “necessidade” de uma candidatura avulsa, mas mantém o discurso ambíguo ao reafirmar que não é candidato e que vai tomar a decisão no “momento correto”.
Aproveitando a deixa, ele não poupou críticas ao pleito interno do PT que levou à escolha de Greenhalgh. Segundo ele, o processo foi atribulado, apressado e não ouviu os partidos da base aliada. Virgílio levantou até a possibilidade de “interferências de gente do governo no processo”, mas descartou que tenha sido “do presidente Lula”.
– O PT escolheu o Greenhalgh, mas decidiu também que candidatura avulsa é legítima. Eu não acredito, não entra na minha cabeça que o PT possa ser favorável à candidatura avulsa para os outros e ser contra para si. Esse tipo de postura é inadmissível dentro de um partido sério – desabafou o petista.
Durante o processo, Virgílio foi convencido pelo presidente do partido, José Genoino, a retirar sua candidatura em favor de Greenhalgh para que o PT demonstrasse consenso e não divisão na bancada.
O presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), chegou a advertir o PT que Greenhalgh pode se tornar inviável caso Virgílio não retire seu projeto de candidatura avulsa de maneira definitiva.
Jefferson criticou o PT por não ter escolhido o deputado mineiro, classificando de “erro de articulação” a indicação de Greenhalgh.